31/12/2008



A todos vocês, com quem conviví neste último ano e a todos os novos que entraram recentemente em minha vida, deixo meus votos de Feliz Ano Novo e que possamos continuar juntos durante os próximos 365 dias para, então, renovarmos nossos votos.

A todos um ano de luz e de cores.

Com o meu carinho.

Zeca.

21/12/2008




AS TRADIÇÕES DO NATAL
(terceira parte)

1. Papai Noel – Havia no século 4, o Arcebispo Nicolau Taumaturgo que costumava ajudar anonimamente que estivesse em dificuldades financeiras, colocando na chaminé das casas sacos com moedas de ouro. Muitos milagres lhe foram atribuídos, o que fez com que acabasse sendo declarado santo.
Em l822, o escritor americano Clement Moore, autor do poema “The Night Before Christmas”, até hoje popularíssimo entre os norte americanos, acabou criando a imagem mais popular de Papai Noel. Quase meio século depois, uma série de gravuras de Thomas Nast acabou consagrando a imagem do velhinho de vermelho e branco, lendo cartas e listas de presentes em sua fábrica. Mas a campanha publicitária da Coca-Cola foi a verdadeira responsável final pela fixação da versão gorducha e alegre do personagem, impressa na imaginação popular até hoje. Todos os anos, entre 1931 e 1964, a Coca-Cola veiculava uma imagem do bom belhinho na contra capa da revista National Geografic.

A roupa vermelho e branca está associada aos mantos tradicionais dos bispos católicos, o que a vincula diretamente ao verdadeiro São Nicolau. A chaminé, está ligada ao costume dos europeus de limpá-la no fim do ano para permitir que a boa sorte por ali entrasse no ano seguinte. Na Finlândia, pequenas tendas, em formato de iglus, com a entrada feita por um buraco no telhado, teriam inspirado o poema de Moore. Já no norte europeu, a tradição diz que Papai Noel vive na Lapônia, na cidade de Rovaniemi, onde de fato existe o “escritório do Papai Noel” bem como o parque conhecido como “Santa Park”, uma atração turística local.

2. Natal brasileiro – Altamente caracterizado pela troca de presentes entre amigos e familiares na noite de 24 de dezembro, independente da tradição da chaminé dos países frios. Aqui o Papai Noel tanto pode entrar pela porta da frente, como deixar os presentes sob a árvore de natal durante a madrugada. Entre parentes e colegas de trabalho, existe o hábito de trocar presentes através do Amigo Secreto. Mas antes da festa católica incorporar os símbolos protestantes da árvore e da distribuição de presentes, a festa tradicionalmente religiosa era marcada pela missa do galo seguida da ceia em família.

Hoje, entre as tradições tipicamente brasileiras, estão os pratos típicos dessa época. Os costumes gastronômicos revelam a mistura cultural que parece universal, mas é uma adaptação bem brasileira. Da cultura portuguesa temos bolinhos de bacalhau e a indefectível rabanada, na mesma mesa onde temos o Italianíssimo panetone e aves como o peru que, no Brasil ganhou recheio de farofa e enfeites com cerejas e rodelas de abacaxi. Temos também, na mesa de Natal, o tender e o chester, este último, uma ave que está virando o símbolo do natal brasileiro, além das frutas secas européias dividindo espaço com as frutas tropicais.

17/12/2008



AS TRADIÇÕES DO NATAL
(segunda parte)

1. Arvore de Natal - Uma das maiores tradições natalinas, com forte presença no Brasil e na maioria dos países cristãos é a árvore de natal (uma das minhas prediletas). Normalmente, um pinheiro adornado com bolas e enfeites coloridos, laços de fitas, luzes e o que mais ditar a imaginação. Com a massificação da vida moderna, são bastante comuns hoje as árvores artificiais ou galhos secos em seu lugar.
À Alemanha são dados os créditos da origem dessa tradição. Diz a lenda que Martinho Lutero, olhando para o céu, viu as estrelas como colares de luzes por cima das copas dos pinheiros. Levou um galho para casa, plantou-o num vaso e, com papéis coloridos e pequenas velas nas pontas dos ramos, tentou reproduzir o que vira na natureza. Rapidamente essa tradição espalhou-se pela Europa, tentando mostrar o céu na noite do nascimento de Cristo. No início do século XIX essa tradição chegou aos Estados Unidos, de onde se espalhou para o resto do mundo.
Na idade média, em rituais pagãos, acreditando nos espíritos das árvores, quando as folhas caiam deixando-as com galhos nus durante o inverno, as pessoas as enfeitavam com pedras pintadas e panos coloridos para que retornassem na primavera. Os cristãos já viram nos pinheiros a forma triangular que representa a Santíssima Trindade. Hoje, as árvores de natal são enfeitadas no final de novembro ou início de dezembro e só devem ser desmontadas no dia seis de janeiro, quando os Reis Magos presentearam o Menino Jesus.

2. Missa do Galo - Diz uma lenda que, à meia noite do dia 24 de dezembro, os galos cantaram anunciando a vinda do Messias. Outra tradição diz que a Missa de Natal terminava tão tarde que, quando as pessoas voltavam para casa, os galos já estavam cantando. Assim, os países católicos acabaram associando o Galo à comemoração do nascimento de Cristo, denominando-a como “Missa do Galo”. Após o culto, as famílias retornavam às suas casas e colocavam a imagem do Menino Jesus no presépio antes de compartilharem a ceia e a troca de presentes.

3. Troca de Presentes – A troca de presentes está relacionada aos presentes que os Reis Magos teriam levado a Jesus. Inicialmente, trocavam-se presentes no dia de Reis, seis de janeiro, mas aos poucos, alguns povos foram antecipando essa data para a noite de Natal, talvez devido ao caráter comercial que acabou transformando a data no maior evento capitalista do ano. Por outro lado, existe também a simbologia de confraternização e estreitamente de laços afetivos e cristãos de amor ao próximo, simbolizados pelo oferecimento de presentes que, antigamente, eram confeccionados em casa. Eram pães, bolos, compotas ou pequenos objetos feitos por cada um, conforme suas habilidades, demonstrando cuidado, carinho e atenção.

4. Presépio – Conforme mencionado anteriormente, após a Missa do Galo, as pessoas colocavam no presépio a imagem de Deus Menino, simbolizando seu nascimento. Esse é o único símbolo de Natal verdadeiramente inspirado nos Evangelhos, pois segundo a tradição, em 1223, São Francisco de Assis montou uma reprodução da imagem do Menino Jesus, da Virgem Maria e de São José, com a devida autorização papal. Desde então, famílias de diferentes culturas dentro das tradições cristãs, vêm montando a representação da cena do nascimento, acrescentando figuras e elementos conforme sua imaginação e posses.

12/12/2008


O NATAL


Os romanos comemoravam o solstício de inverno no dia 25 de dezembro, consagrando esse dia ao nascimento do Deus Sol Invencível. Em honra a Saturno, comemoravam igualmente a Saturnália, com grandes banquetes e orgias, enquanto os pagãos europeus celebravam a chegada da luz e dos dias mais longos do inverno. Eram festas voltadas à agricultura, pretendendo que as futuras colheitas fossem fartas, abundantes. Por volta do segundo século, os cristãos começaram a comemorar o nascimento de Cristo. No ano 354 d.C., o Papa Libério, querendo cristianizar as festas pagãs, instituiu oficialmente a celebração do Natal de Jesus. Em latim, Natal é um vocábulo derivado de Natividade e a data escolhida deveria coincidir com a festividade romana, expressando o sincretismo religioso dessa data, através dos simbolismos de Cristo como sendo o “sol da justiça e a “luz do mundo”. Como o cristianismo não conseguia eliminar as festas pagãs, o melhor era misturar-se com os pagãos, voltando as celebrações para Cristo.

O Natal acabou tornando-se a celebração mais significativa para as Igrejas Católica e cristãs em geral, ao mesmo tempo em que é comemorado universalmente por vários credos como sendo o dia da reunião da família, da solidariedade e da fraternidade entre as pessoas.

Já no século XVI, no Brasil, os jesuítas haviam incorporado as celebrações natalinas, com a missa do galo, o jantar em família e a montagem de presépios. Entretanto, apenas no fim do século XVIII, foram introduzidas a árvore de natal, a figura do Papai Noel e a distribuição de presentes. O individualismo característico da Reforma Protestante aumentando a movimentação de troca mercadorias e o capitalismo, reduziu a culpa católica sobre a posse de bens e dinheiro, tornando o Natal uma das celebrações mais rentáveis do mundo atual. Da Europa do Norte, os cultos pagãos trouxeram a associação do evento à neve, à árvore de natal e à figura de São Nicolau, que originou o conhecido Papai Noel. As tradições natalinas são variadas e ricas, mas a influência de países como os Estados Unidos e a Inglaterra determina a tônica da celebração nos países ocidentais.

As tradições são, geralmente, passadas de geração em geração por narração oral, pela transmissão de lendas e por valores espirituais. No caso do Natal, a tradição mais conhecida e respeitada é a Ceia à meia noite do dia 24 de dezembro e a visita do Papai Noel, com presentes, especialmente para as crianças.

Particularmente eu gosto muito do Natal. É uma época em que as pessoas parecem mais tranqüilas e sorridentes, devido à transição de um ano para outro, onde se fazem balanços de vida e de expectativas, renovando planos e esperanças. As ruas e lojas se iluminam e se cobrem de enfeites natalinos, claro que em busca dos consumidores que se predispõem a gastar um pouco mais nessa época do ano, seja para as ceias, para os presentes ou renovação de móveis e eletrodomésticos. Essa demonstração do poder capitalista acaba enfatizando ainda mais as diferenças sociais existentes, motivo para que nos concentremos na procura de ações mais efetivas na busca de soluções para a diminuição dessas diferenças.

Sonhos? Utopias Talvez! Mas lembre-se: é Natal!

04/12/2008

CONTINUAÇÃO



MEU PAI – SEU PAI - NOSSOS PAIS
(terceira parte)




Anos depois, minha mãe conheceu seu atual marido, a quem eu amo muito, pois sempre foi para mim tudo aquilo que o meu próprio pai não foi. Sempre nos demos muitíssimo bem e, na verdade, eu fui o grande incentivador dessa união. Minha mãe não conseguia o divórcio, pois meu pai se recusava a assinar só para atrapalhar e, assim, os dois acabaram vivendo juntos. Daí eu aproveitei para sair de casa e começar a viver a minha própria vida.

Muitos anos depois, acho que uns vinte, senão mais, eu já morava em Paraty, quando minha mãe telefonou avisando que meu pai estava muito doente e me aconselhava a ir fazer-lhe uma visita, pois ele já estava desenganado pelos médicos. Ele estava na casa do meu irmão e eu resolvi visitá-lo. Quando o vi, envelhecido pela doença, frágil, cabelos totalmente brancos, tudo o que senti foi pena. Um homem que era bonito, inteligente e relativamente bem sucedido, reduzido a um rascunho, quase sem forças e numa cadeira de rodas.

Nosso reencontro foi completamente apático. Ele me olhou e perguntou: como vai? Como se tivesse estado comigo no dia anterior! Tentamos conversar um pouco, mas a conversa não fluía. Era difícil. Fiquei lá algumas horas, depois fui embora e só voltei a vê-lo no hospital, novamente atendendo à minha mãe. Por ironia do destino, no final da sua vida, as pessoas que cuidaram dele, que o acompanharam em seus últimos momentos, foram a minha mãe e o meu padrasto! Este dormia no hospital, levava-o para passear na cadeira de rodas, fazia companhia. Foi muito triste o fim dele! Quando fui visitá-lo, encontrei um homenzinho fraco, franzino, cabeça totalmente branca e quase sem forças para falar. Quando coloquei minha mão em seu ombro, senti que ele se retesou e eu desfiz o gesto de carinho e fui chorar lá fora. Alguns dias depois, minha mãe ligou de madrugada avisando de sua morte. Fui ao enterro e, pela última vez vi o seu rosto, totalmente diferente daquele do qual eu me lembrava.

Eu contei tudo isso, em parte como desabafo, em parte para falar um pouco sobre ele e sobre a maioria dos pais de antigamente. A leitura de outros textos sobre pais e filhos sempre me emociona e, não raro, toda a minha história volta à lembrança. De qualquer forma, não culpo meu pai pela falta de atenção e carinho. Nascido na segunda década do século passado, filho de portugueses que vieram para o Brasil “fazer a vida”, trabalhou muito desde a infância. Só conseguiu estudar (fez contabilidade e direito) depois de casado, pois enquanto solteiro, minha avó o obrigou a aprender a “profissão de São José” (marcenaria). Depois de casado, livre enfim da influência de sua mãe, foi estudar, acabou virando advogado e ainda estudou inglês. E desenhava. Escondido.

Eu não sei muito mais que isso da história dele, mas imagino a vida dura e difícil que levou. O que aprendeu e as mensagens que recebeu durante toda a sua vida... homem é isso, é aquilo, não faz isso, não faz aquilo. Isso não é coisa de homem, é coisa de mulher. Com tantas limitações, o que mais ele poderia passar para os filhos? Principalmente para um que era extremamente curioso, sensível, completamente diferente de tudo o que ele esperava num filho? Eu não gostava de futebol, não brigava na rua, era estudioso e o melhor aluno da classe. Gostava de ler, de desenhar, de música... Eu não era o primogênito que ele esperava! Ou talvez eu fosse o espelho onde ele detestava se enxergar...

30/11/2008

BLOGAGEM COLETIVA PELOS DIREITOS HUMANOS




A Declaração Universal que, em poucos dias, celebrará o seu 60º aniversário prevê que nenhum ser humano será discriminado com base em género sexual, etnia, ideologia, orientação, ou qualquer outro atributo pessoal ou social. A separação entre negros e brancos, nacionais e estrangeiros, homens e mulheres, pobres e ricos, teístas e ateístas, esquerdas e direitas servem como instrumentos que amputam uma parte da humanidade.Como um corpo único, estamos todos interligados, unidos, conectos seja através de uma força cósmica, um Deus uno, ou um planeta em sofrimento.


Somos uma Humanidade que reside num país chamado Terra.Por isso, este ano, tal como ocorreu no ano passado, bloggers de língua portuguesa são convidados a participar numa campanha de Blogagem Coletiva pelos Direitos Humanos, este ano a campanha será PARA TODOS NÓS! Pois todos nós, juntos fazemos a Humanidade!


Aliás Dignidade e Justiça para todos nós! é o slogan do aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pelo que os selos, que em mui breve estarão disponíveis, refletirão esse mesmo espírito.Por isso, divulgue a campanha.


A luta, simbolicamente, começa hoje, novamente, mas não pode terminar!


Estamos nesta, unidos, pela dignidade, pela justiça, para todos nós!


Dia 10 de Dezembro, unidos.


Amigos, copiei este texto na íntegra do blog Consciência e Vida da Jeanne que, por sua vez, copiou do Fenix Ad Eternum onde quem quiser participar deverá confirmar.


A causa é mais do que justa.

27/11/2008

CONTINUAÇÃO

MEU PAI – SEU PAI - NOSSOS PAIS
(segunda parte)



Antes disso, eu fui seminarista. É verdade! Já quis ser padre um dia! E era vocação mesmo! Minha mãe é do tipo de católica que não freqüenta a igreja; minha avó rezava muito em casa, mas raramente ia à igreja e meu pai era ateu e se dizia comunista. Mas como era um homem com bom nível cultural, tinha muita amizade com alguns padres de um seminário que havia perto de casa. E eu era carola, freqüentava a igreja regularmente, dava aulas de catecismo e queria mesmo ser padre. Nesse ponto meu pai não se opôs. Permitiu e até pagava, pois segundo ele o seminário era o melhor lugar para adquirir cultura.

Já no seminário, eu comecei a tomar aulas de piano e o professor precisava ser pago. Daí, escrevi para os meus pais contando sobre isso e pedindo que me enviassem o dinheiro para as aulas. Ele proibiu. Simplesmente não permitiu que continuasse com minhas aulas e se recusava a pagar o professor. Foi um dos primeiros micos que paguei. Só fui saber porque depois do episódio das aulas de pintura, quando ele me jogou na cara que uma vez eu já havia querido aprender a tocar piano, instrumento de mulheres; e agora estava querendo pintar, coisa de mulherzinha...

Muitas coisas aconteceram entre nós durante os vinte anos em que vivemos juntos! Se fosse contar todas acabaria escrevendo um livro. Mas desde pequenininho, lembro claramente dele espancando a minha mãe. Ele era extremamente ciumento e por qualquer motivo, espancava com gosto. Algumas vezes eu me enfiava no meio dos dois, gritando, desesperado, pedindo que ele parasse com aquilo e acabava apanhando junto com ela. Até o dia em que, já cansada de tanta violência, simplesmente arrumou as malas e foi embora de casa, após uma surra onde ficou toda machucada.

Nessa época eu estava servindo o exército em uma cidadezinha do interior de São Paulo. Quando fui para casa no final da semana, encontrei minha avó me esperando no portão para me contar, chorando, o que havia acontecido. Minha mãe estava na casa de uma tia, procurando uma casa para morar junto com a minha avó. Enquanto isso, ela (minha avó) havia ficado com meu pai, pois queria ela mesma conversar comigo a respeito. Bem, eu não tinha condições de fazer nada, devido ao serviço militar. Então, terminei aquele ano e voltei para casa. Continuei morando com meu pai, arranjei emprego e fui estudar à noite. Pouco tempo depois, minha avó morreu e minha mãe ficou sozinha. Então, conversando com meu irmão, que é mais novo, resolvemos que eu iria morar com a minha mãe e ele, que sempre foi descaradamente o preferido do meu pai, ficaria morando com ele. Assim, cada um deles ficaria com um filho.

Quando fomos conversar com ele a respeito da nossa decisão, ele não nos deixou falar. Apenas disse que, se um dos dois saísse de casa, que esquecesse que tinha um pai. E eu fui morar com a minha mãe! A partir daí, ele nunca mais me recebeu em casa! No mínimo saia, quando eu avisava que iria visitá-lo. Até um dia em que encontrei o portão trancado à chave e a empregada disse não ter permissão de me deixar entrar. Que eram ordens expressas do meu pai que eu nunca mais entrasse naquela casa. Saí Dalí chorando muito, me sentindo humilhado, sem saber o que fazer. Aos poucos fui me acostumando e acabei desistindo de procurá-lo, pois nem ao telefone ele falava comigo.


CONTINUA...

25/11/2008

MEU PAI – SEU PAI – NOSSOS PAIS
(primeira parte)

De vez em quando leio algo sobre pais e seus relacionamentos com os filhos. Alguns mostram relacionamentos amigos, bonitos, tranqüilos. Outros mostram qualidades que diferenciam os pais, mostrando o carinho e a admiração dos seus filhos. No geral, não são diferentes de tantas histórias que vamos ouvindo ao longo das nossas vidas. Eu mesmo poderia contar inúmeras histórias envolvendo o meu próprio pai. Mas o resumo da minha vida com ele é até um pouco banal.

A única coisa que ele fez por mim e até hoje eu não consigo entender por que, foi ter me ensinado a ler muito cedo. E em toda a minha infância e adolescência, os únicos momentos em que o senti mais perto de mim, embora com certa tirania, era quando se sentava ao meu lado para me ensinar a ler e a escrever. Aos seis anos eu já lia e conseguia escrever quase que normalmente. Quando passei do Jardim da Infância (na época ainda era assim que se chamava) para o Primário, minha professora não se conformava com meus conhecimentos e minha capacidade de ler e escrever. Eu era o melhor aluno da turma (aliás, fui o melhor aluno durante todos os anos básicos) e uma sensação entre os professores. E além de inteligente, era também bastante bonitinho... risos. Daí, tanto sucesso. Até os coleguinhas me respeitavam e viviam me bajulando para ensinar-lhes aquilo que não conseguiam aprender.

Fora esse período de aprendizado, que de certa forma foi imposto por ele, nunca tive uma atenção especial, um sorriso, um abraço, um carinho. Mas aprendi com ele a gostar de livros e a respeitar as palavras e a língua portuguesa. Reconheço aí uma herança e tanto!

Eu sempre adorei desenhar. E meu pai sempre se opôs a isso. Lembro que ainda muito novo, uns três ou quatro anos de idade, rabisquei toda uma parede lateral da nossa casa com lápis. E jamais esqueci a surra que levei.

Como era bastante curioso, eu revirava as gavetas, os armários, em busca de novidades. E encontrei o grande segredo do meu pai! Ele se trancava na sala de jantar, acho que nas tardes de sábado e em algumas noites da semana e ninguém, nem mesmo minha mãe sabia o que ele ficava fazendo lá. Pois é! Um dia ele esqueceu a gaveta da escrivaninha dele aberta e eu descobri, para minha surpresa, várias folhas com desenhos de lindas mulheres nuas. Ele gostava de desenhar! Não sei explicar por que, mas até hoje guardei esse segredo. Nunca comentei com minha mãe, meu irmão ou minha avó que morava conosco. E esse foi, para mim, o único segredo que eu partilhei com meu pai, mesmo sem ele saber. Acontece que, à medida que fui crescendo e aprimorando os meus desenhos, ele começou a tentar me impedir de desenhar. E conseguiu, durante um bom tempo. Mesmo hoje, embora reconheça que tenho um bom traço e desenhe muito bem, encontro enormes dificuldades para desenhar ou pintar. Talvez por isso trabalhe com artistas...

Quando eu já estava no segundo ou terceiro ano do Ginásio, fiquei amigo do Cotrim, que tinha aulas de pintura. Quando ia estudar na casa dele, eu ficava maravilhado com os quadros que ele pintava e comecei a querer aprender também. Fui com meu amigo ao atelier do cara que o ensinava e anotei todos os dados necessários. Fui para casa, feliz da vida e, quando meu pai chegou, conversei com ele sobre as aulas de pintura, o valor da mensalidade que deveria pagar, etc.. Nem mesmo pude terminar a conversa, bruscamente interrompida por ele que me proibiu terminantemente de desenhar e pintar, pois isso “era coisa de mariquinha, de mulherzinha” (era assim que se falava na época). Essa foi uma das minhas primeiras e maiores decepções. Ainda mais por saber do segredo dele, que desenhava escondido. Acabei achando que meu pai também era mariquinha... e nunca mais desenhei ou pintei!



Crédito: desenho realizado por Beti Timm, em caneta esferográfica sobre papel, generosamente inspirado em uma foto minha.

21/11/2008

OUVINDO BACH

- Terça-feira, final da tarde, em casa:

Uma amiga aparece para uma visita e para devolver o Livro "O 3º Travesseiro", de Nelson Luiz de Carvalho, que havia lhe emprestado há dois dias.

Espantado com a rapidez da leitura, perguntei o que achou do livro.

- Eu só li o começo, mas o assunto...

- ... ???

- É! Eu não curto esses assuntos... (voz embargada).

- Mas, Miriam... Você é tão aberta, tão bem informada... o que especificamente te incomodou no livro?

- Eu prefiro não falar sobre isso (olhos úmidos, voz quase sumida).

Levantei para mudar o CD e ela pediu que mantivesse Bach. A conversa não fluía. E somos bons amigos, de longa data! Levei-a para a cozinha, comecei a preparar um café e servi um delicioso bolo de cenoura, coberto com chocolate, que ela adora. Ao fundo, o som inconfundível de Bach.

- Sabe por que eu não quis continuar lendo o livro?

- ...???

- É que tenho um problema que não comento com ninguém, mas minha alma anda angustiada e, se não desabafar, acho que vou enlouquecer.

- Se quiser conversar a respeito...

Num rompante, ela colocou para fora tudo o que estava machucando o seu coração. Chorou bastante - desabafou.

Depois que se acalmou um pouco, argumentei:

- Se o seu filho está bem e é feliz, acho que não existem problemas. Apenas o seu orgulho de mãe está ferido por imaginar nunca ter uma nora, ou netos correndo pela sua casa. Por outro lado, ele é um rapaz excelente, estudioso e trabalhador. O amigo dele também parece ser uma pessoa de bem, dono do seu próprio negócio e respeitado por todos que o conhecem. Se eles se sentem bem juntos e se isso faz o seu filho feliz, por que lutar contra? Você o ama e quer o melhor para ele. Será que o melhor não é viver esse relacionamento? Se ele conversou abertamente com você, ele não estará querendo a sua aprovação, a sua aceitação? Pense nisso! Com todo o seu amor de mãe...

Conversamos longamente sobre o assunto. Comemos mais de metade do bolo e fiz café fresco umas três vezes.

Isso aconteceu há uns três anos. Ontem ela esteve em casa com seu novo namorado, contando que estão se preparando, os quatro, para uma viagem pela Europa. E quando voltarem, o filho irá morar com o companheiro em um apartamento que compraram juntos.

Antes que me esqueça: mandei preparar novamente o bolo de cenoura com calda de chocolate que ela tanto gosta. E novamente estávamos ouvindo Bach...

Sei que é extremamente difícil para uma mãe ver seu único filho tão diferente do que ela sonhou. Mas como não criamos nossos filhos para viverem os nossos sonhos, é importante entendermos que cada ser humano é único e deve viver sua própria vida, mesmo que seja totalmente diferente das nossas expectativas. Ela conseguiu atingir esse entendimento. E com isso, ficou mais fácil respeitar todas as diferenças entre eles, deixando que apenas o amor os guiasse.
Lembrete: já estou com novo texto no Palimpnóia, como faço a cada quinze dias. Prestigie-nos. Basta clicar aquí.


16/11/2008


ACENDENDO UM INCENSO DE ROSAS BRANCAS

(é bom para a compreensão, a tolerância e a paz)







- Sábado, três e pouco da tarde, num supermercado:

Estou tirando um carrinho para compras quando chega uma moça grávida com a linda filhinha pela mão. Ofereço o carrinho, a garotinha abre um enorme sorriso, diz "bigada tio" e sai, saltitante, com a mãe. Num dos corredores, cruzo com as duas e a garotinha, abanando as mãozinhas para mim, diz "oi, tio"...
Passando pelo setor de carnes, vejo a moça na fila e, por perto, a menininha conversando animadamente com um garotinho que aparentava ter a sua idade. No mesmo momento, uma moça com cara de poucos amigos puxa o garotinho e diz, bem alto "quantas vezes preciso dizer que não quero ver você conversando com essa gente?" A moça grávida chama a filha, segura sua mãozinha e ficam, caladas, aguardando sua vez na fila da carne.

Detalhe 1: mãe e filha são negras;
Detalhe 2: mãe e filho são brancos;
Detalhe 3: nada confirma ambas as maternidades. Eu apenas supus...

Existem coisas que me irritam profundamente. Uma delas é o preconceito. Qualquer tipo de preconceito.

Embora tenhamos sido criados num mundo onde ainda imperam discriminações geradas pela intolerância às diferenças, é passada a hora de nos conscientizarmos que a diversidade não nos diferencia como seres humanos. Nossas diferenças nos enriquecem, pois podem ser vistas como veículos de aprendizado e de integração.

As crianças, em geral, não se deixam guiar pelos preconceitos. Se gostam, simplesmente gostam. Ou não. Pronto! Fácil assim! Mas vão sendo moldados pelos pais, professores, sociedade. E de repente, são atacadas pelo vício milenar de separar as pessoas, seja pela cor da pele, formato dos olhos, religião, preferências pessoais e sexuais e tantas outras diferenças.

A garotinha crescerá sentindo-se discriminada pela cor de sua pele. E acabará criando seus próprios preconceitos, juntando-os aos aprendidos no meio em que vive. E o garotinho tem de tudo para tornar-se mais um racista prepotente e, talvez, veículo de outros tipos de preconceitos.

Que o aroma das rosas brancas traga tolerância e compreensão aos nossos corações. E que ajude a germinar a flor da paz.

09/11/2008

Adoção por casais homoafetivos

BLOGAGEM COLETIVA
(tema: adoção de crianças e adolescentes)
Esta postagem sugerida pelo Dacio e pela Georgia estará no ar durante toda esta semana. A lista de todos os participantes pode ser consultada e, para ler os demais textos, basta clicar sobre os links em qualquer um dos dois blogues.


ADOÇÃO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS



Antes da Constituição de 1988, a família (base da sociedade) era considerada legal apenas quando oriunda do casamento entre um homem e uma mulher, diante do juiz de paz. E de preferência também diante de um altar e de um padre. Após 1988, passou-se a reconhecer também a união estável e a família monoparental, possibilitando a todos os cidadãos o direito à constituição de uma família, seja ela de forma natural, artificial ou por adoção.

A afetividade, sentimento que regula as relações familiares, é universal, portanto, independe da sexualidade das pessoas que a sentem e manifestam. Alguém pode afirmar que um indivíduo homossexual não possa sentir afeto por outros seres humanos, sem ser um afeto erotizado? Seria impossível um homossexual sentir amor e carinho por uma criança? Querer cuidar, proteger, prover, ser pai, ou mãe dessa criança? Até mesmo estas perguntas parecem carregar uma carga de preconceito, Pelo fato de estarem sendo feitas. Mas, infelizmente, se tornam necessárias numa sociedade onde os preconceitos se escondem, se omitem, se mascaram.

A institucionalização da família monoparental fortaleceu a tese de que o homossexual tem direito à adoção, já que a Carta Magna prega o principio fundamental da proibição a qualquer tipo de discriminação. Como a própria Constituição Federal prega que ninguém é ou pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei, não é possível proibir ou coibir este tipo de adoção, para não ir de encontro ao direito da criança de ter um lar com afeto. Deve-se sempre levar em consideração o que melhor atende aos interesses do menor. E diante de tantos menores abandonados e carentes de afeto e cuidados, como proibir sua adoção por pessoas dispostas a suprir todas as suas necessidades? Seria melhor que mofassem nas instituições governamentais que as “guardam” como objetos sem valor, onde aprendem desde cedo a “se virar” ou a “se dar bem” para sobreviver? Não seria melhor colocá-las num lar, onde receberiam afeto, educação, seriam cuidadas, tratadas e teriam o seu desenvolvimento acompanhado, por dois pais ou duas mães?

O termo “união homoafetiva” foi criado em substituição ao termo “união homossexual”, pois evidencia o sentimento que permeia essa relação, o afeto. A proibição de adoção em função da orientação sexual dos pais ou mães adotivos fere o principio fundamental da dignidade humana. É impensável afirmar que esses casais poderiam influenciar na formação da personalidade da criança, pois jamais ficou provado esse tipo de influência. Diversos estudos e pesquisas jamais permitiram vislumbrar a possibilidade de ocorrência de distúrbios ou desvios de conduta pelo fato de alguém ter dois pais ou duas mães. Esse tipo de afirmação é revestido de preconceitos e, portanto, isento de legalidade.

A homossexualidade existe há milênios (talvez desde sempre), a exemplo de documentos da Grécia e da Roma antigas, entre muitos outros países, onde a homossexualidade era um fato natural, com os jovens sendo iniciados sexualmente por outros homens, mais velhos. O surgimento do cristianismo trouxe consigo a reprovação a essa prática, transformando-a em “atitude repugnante, antinatural”. Ainda hoje a Igreja continua lutando contra o reconhecimento desse tipo de união, embora em seu seio existam muitas pessoas vivendo relações homoeróticas e homoafetivas.

Até pouco tempo atrás, a homossexualidade era vista como doença, depois foi considerada um distúrbio de comportamento. Ainda hoje a medicina, a psicologia e outras ciências, estudam suas origens no sentido de responderem se é uma opção ou decorre de origem genética. A sociedade, entretanto, compreende a homossexualidade como uma condição natural, não apenas observada em todas as civilizações e em todos os tempos, como também bastante comum nos demais seres da natureza. Este não é um tratado a respeito da sexualidade, apenas um libelo a favor da adoção por casais do mesmo sexo ou pessoas homossexuais.

Os países nórdicos, mais liberais, já legalizaram as uniões homoafetivas, com direito a casamento e adoção, entre outros. Os países mais conservadores, como os muçulmanos, ainda praticam até a pena de morte para quem praticar esse tipo de relação. Já nos demais países, especialmente os do bloco ocidental, a homoafetividade vem sendo discutida, até com chances de aceitação e legalização. Enquanto isso cabe aos juízes, como por exemplo, no Brasil, o veredicto final sobre legalização de relações, direito a assistência médica, herança e, sobretudo, adoção.

Enquanto nos EUA, com seu governo ultraconservador, foi determinado que o casamento deva ser realizado apenas entre homem e mulher, no Brasil, onde os diversos tipos de preconceitos são camuflados pelo famoso “jeitinho”, ou fingindo não ver, muitas pessoas têm morrido violentamente em razão da sua preferência sexual. Enquanto outras, corajosamente, brigam na justiça pelo direito de adotar uma ou mais crianças. Alguns já conseguiram fazer valer os seus direitos na justiça, outros ainda aguardam as decisões. Mas, como bons brasileiros, não desistem dos seus sonhos, nem fogem à luta.

No meu entendimento, a união homoafetiva é uma entidade familiar, com todos os direitos e deveres das famílias formadas por um homem e uma mulher. Trabalhadores, consumidores, pagadores de impostos, de taxas, de tributos, em cascata ou não, os homossexuais podem, sim, unir-se ao alvo dos seus sentimentos e, com base numa relação estável e permeada pela afetividade, podem tirar dos orfanatos ou das ruas menores carentes de tudo, não supridos pelos seus familiares de sangue, muito menos pelo governo. Podem e devem ter a oportunidade de transmitir aos seus filhos adotivos valores preciosos para a manutenção da sociedade como respeito, honestidade, honra, cidadania e patriotismo, entre muitos outros. Ou será melhor deixar essas crianças entregues à própria (má) sorte, aprendendo a virar mais um bandido?

Fonte: artigo de Caroline Ramos de Oliveira, estudante do curso de Direito das Faculdades Jorge Amado.
A lista das adesões dos blogs está publicada tanto no Chega mais do Dácio quanto no Saia Justa da Georgia. Para ler os outros textos basta clicar sobre os links num dos dois blogues.


04/11/2008

ESTOU VOLTANDO!



Como sempre acontece comigo, de vez em quando fico meio atrapalhado com tantos compromissos assumidos, me perco em mim mesmo e acabo penalizando algumas áreas da minha vida. Geralmente aquelas que me dão maior prazer, como é o caso destas janelas.

Aí fico ciscando que nem uma galinha choca num galinheiro enorme e repleto de outros bichos. Não consigo tempo para escrever um texto, para visitar os blogues amigos e nem mesmo para responder os comentários deixados por aqui. E acabo sendo desatencioso com os amigos que tanto prezo.

Não pense que você é a única (ou o único) que deixa de receber minha atenção! As pessoas que estão por perto também acabam sendo deixadas de lado, e eu não gosto nada disso. Na verdade, como faço em casa, gosto de receber a todos com um sorriso saído do coração, os braços abertos e sem tempo estabelecido para isso.

Mas não é nada disso que tem acontecido há algumas semanas!

Por conta da última exposição do Aecio, cuja abertura aconteceu no último dia 29 de outubro, eu andei extremamente ocupado com os preparativos finais e sem tempo para nada, nem para mim mesmo. Com tudo isso rolando, recebi um telefonema de minha mãe avisando que meu padrasto estava hospitalizado e corria o risco de perder um dos dedos do pé. Ele é diabético, mas o pior nem é isso; é que ele está na primeira fase do Alzheimer e tem nos dado preocupações e um pouco de trabalho. Além do mais, ambos estão com 84 anos – minha mãe completa essa idade no próximo dia 13. Impossibilitado de sair daqui por conta dos preparativos para a exposição, fiquei monitorando a situação pelo telefone e passei uns dez dias trabalhando de 12 a 14 horas direto. Por conta de tudo isso, quando a exposição estava pronta e a situação no hospital sob controle (felizmente não foi desta vez que amputaram o dedo dele!), acabei tendo um probleminha que me levou para o hospital. É, amigos! Já não sou mais um rapazinho! E a pressão foi lá pras alturas! Mas agora está tudo sob controle.

Não fui para São Paulo! Nem para a abertura da exposição, nem para dar uma força para a minha mãe! A exposição é um sucesso, a pressão voltou para o normal e eu estou começando a respirar mais aliviado. Iria para São Paulo hoje, mas acabei deixando para a próxima semana, para poder estar com a minha mãe no dia do aniversário dela. Nada mais justo!

Enquanto isso, vou retomando minhas rotinas e prometo que, em pouco tempo, recupero o tempo perdido (ou não aproveitado), retomo as visitas e a atenção que cada um merece.

Até mais!

29/10/2008

O que é isso? Ficou curiosa? Curioso?

Pois só vai ficar sabendo se der um clique
aqui e ler toda a apresentação.

Mas como de vez em quando sou bonzinho, vou dar uma colher de chá:

A Loba (sempre ela!) juntou-se à Cherry e à Shi e as três donzelas gentilmente permitiram a agregação de três jovens mancebos (Dácio, Jens e euzinho aquí), para colocar no ar um novo blog onde cada um dos participantes terá uma página que, todas as segundas, quartas e sextas, apresentará um novo texto de um dos participantes. Os textos serão de livre criação e expressão, sem qualquer tipo de censura.

Somos seis pessoas com diferenças pessoais, regionais, culturais, políticas, enfim... amigos que se respeitam e às suas inúmeras diferenças. E cada um vai se colocar, se posicionar conforme sua própria vontade.

Na página principal vai aparecer a última publicação. As demais poderão ser acessadas na coluna lateral do blog, na página de cada autor.

Agora chega de papo furado, pois tudo isso e ainda mais você poderá encontrar
.

Confira!

Eu recomendo!

24/10/2008

Pessoal,


apenas um rápido recadinho para não pensarem que sumí ou esquecí os amigos... rs.
É que estou no centro do furacão da próxima exposição do Aecio, que terá sua abertura na próxima quarta-feira, 29/10 e, como sou o responsável por tudo, acho que podem imaginar a correria, né? Tenho trabalhado entre 12 e 14 horas por dia nos preparativos finais. Logo tudo volta ao normal e eu tentarei reparar as faltas cometidas com todos os queridos amigos desta nossa blogosfera.

Deixei passar o aniversário da Patty e não agradecí o mimo da Karine, para falar apenas nestas duas faltas descobertas por enquanto. Espero não ter muitas outras, fora as visitas, que não tenho feito.

E quem ainda não leu o post anterior sobre a próxima blogagem coletiva, peço que faça o favor de ler, pois a causa é nobre e, pelo menos a divulgação já vale a pena. A participação vale muito mais... risos.

Abraços e beijos a todos e até logo, logo...
OBS.: A foto é um detalhe do quadro "Mulheres da Vida" de Aecio Sarti.

18/10/2008



BLOGAGEM COLETIVA – ADOÇÃO, UM ATO DE NOBREZA


O Dacio lançou, sem querer a idéia, quando escreveu em seu blog a respeito da burocracia e demais dificuldades para a adoção de crianças. A Geórgia, do blog Saia Justa, ao lê-lo, teve o insight e convidou-o a planejarem e organizarem, juntos, a concretização da idéia.

Convite feito, convite aceito.

Trata-se de uma blogagem coletiva com o tema “Adoção, Um Ato de Nobreza”.

Recente projeto sobre Adoção, aprovado na Câmara dos Deputados, foi encaminhado ao Senado para revisão. Para maiores informações a respeito, clique
AQUI

Para a Blogagem Coletiva o convite é:
1) Depoimentos de quem adotou uma criança;
2) Quem pensa em adotar e está neste corredor de espera;
3) Como foi o seu contato com a entidade X criança X você;
4) Quais as dificuldades enfrentadas até a reta final;
5) Você, parente ou amigos estão no corredor de espera para a Adoção?
6) Gostaria de discutir o assunto mesmo que não queira adotar uma criança?
7) E como vê toda essa situação na sociedade em que vivemos?

A data para a blogagem será na semana de 10 a 15 de novembro. Assim teremos uma semana inteira para escrevermos e interagirmos sobre o tema: Adoção de Crianças e Adolescentes.

A tag do selo poderá ser pega lá no Dacio, ou a imagem poderá ser salva em Meus Documentos, de onde poderá ser copiada para, em seguida, ser colada na área de postagem.

A lista das adesões dos blogs será publicada tanto no Chega mais quanto no Saia Justa migrando para cada post até a semana da blogagem, inclusive.

Todos que desejam participar da blogagem, por favor, cliquem AQUI , ou AQUI.

13/10/2008




I Festival Internacional de Cinema de Paraty

Entre os dias 8 e 12 de outubro, Paraty sediou seu primeiro Festival Internacional de Cinema. O evento não tinha cunho competitivo, contou com 27 filmes nacionais e internacionais e entrada gratuita. Os filmes foram exibidos em uma tenda fechada e climatizada instalada na Praça da Matriz e no Cine Teatro Paraty.
A primeira edição do festival visa a revitalização da
única sala de projeção cinematográfica do município, fechada há 40 anos. Atualmente em processo de restauração, o cinema tem sua reinauguração prevista para o próximo ano, durante a FLIP. Em Julho passado houve um leilão das cadeiras do cinema, vendidas com preços entre R$ 5 e 10 mil, dando aos compradores o direito de batizá-las com seus nomes.
A programação do I FIC contava com 12 longas-metragens, entre inéditos e já consagrados, além de diversos curtas-metragens. Além dos filmes, diretores, atores e realizadores estiveram na cidade para abrir as sessões e participar dos debates.
Filmes como Sex And the City, As Aventuras de Azur e Asmar (desenho delicioso), Batman – O Cavaleiro das Trevas, Meu Nome não é Johnny, Tropa de Elite, entre outros, fizeram a delícia dos participantes. Dos paratienses presentes, para muitos foi a grande oportunidade de assistir filmes atuais e de sucesso como esses. Toda a mostra tem sido bastante concorrida, o que mostra o sucesso de mais essa iniciativa. A cada nova edição, o FIC pretende trabalhar também para devolver à cidade, alguns de seus principais patrimônios restaurados e revitalizados, sendo o primeiro, o prédio do antigo cinema. O velho sobrado em ruínas, localizado na Praça da Matriz está sendo reativado pela Prefeitura Municipal, com o auxílio de patrocinadores que colaboram para a restauração do centenário edifício e a futura instalação do CINE TEATRO PARATY no local. A produção é da Villas Boas Televisão e Cinema associada ao Grupo Estação.


11/10/2008

Mudando para uma nova casa...

No momento em que me dispus a mudar para uma nova casa, várias providências precisaram ser tomadas.

Por sorte, contei com o apoio dos amigos e o incansável e impecável trabalho da Loba e da Beti, que deixaram a casa nova prontinha para ser habitada por mim. Cuidaram de cada detalhe, sem descanso. E eu, com tudo à disposição, comecei a encontrar dificuldades para promover a tão esperada mudança.

Como todos sabem, trabalho com um artista plástico. No próximo dia 29 será inaugurada a nova exposição dele, na Galeria Mali Villas Boas, em São Paulo. E eu sou a pessoa que cuida de tudo, de cada detalhe, de cada reunião com o pessoal envolvido nas exposições dele. Cuido da elaboração de convites, folders e textos que enriquecerão a mostra. E estou no olho do furacão, devido à proximidade da data e da finalização de todas as providências. Tenho feito várias pequenas viagens que acabam ocupando grande parte do meu tempo e, com isso tudo, parece que estou deixando estas janelas apenas entreabertas. Não é assim! Penso neste cantinho em todos os momentos. E nos amigos e em seus textos que tanto gosto de acompanhar também. Mas em questão de dias, tudo voltará ao normal.

Para completar as dificuldades, está acontecendo aqui em Paraty, o I Festival Internacional de Cinema, com um programa vasto e muito interessante. Infelizmente não estou encontrando o tempo necessário para ver tudo o que gostaria de ver. Mas tenho procurado acompanhar pelo menos parte do que anda acontecendo por aquí. Vou ver se posso escrever um pouco mais a respeito disso na próxima semana, após meu retorno de São Paulo, para onde estarei indo na próxima segunda-feira, devendo retornar na quarta ou na quinta.

É que lá, além das reuniões de trabalho, tenho também meus pais, bastante idosos, que estão enfrentando o problema do Alzhaimer (meu padrasto) e precisando de um pouco de atenção e carinho além do que já lhes dedico sempre. Sobre isto, falo numa outra ocasião.

E agora, vamos em frente! Atrás vem um punhado de gente!


Beijabraços pra todos...

07/10/2008


AMIGOS!


Este é, na verdade, o meu texto inaugural para este blog que foi criado com muito carinho pela Loba e pela Beti, a quem devo todos os créditos. O primeiro texto, publicado no dia 1º de outubro, foi escolhido e postado pela Beti, também autora do belo desenho que enfeita a entrada e recebe com o brilho do sol todos vocês.


Daquí pra frente deve ser comigo!


E estou tentando acostumar-me à nova casa e aos seus meandros e corredores. Estou procurando limpá-la e arejá-la, com todas as portas e janelas abertas.


Claro que deixarei avisos e endereços no outro blog antes de mudar-me definitivamente para cá. Afinal, não quero correr nenhum risco de perder algum dos preciosos amigos pelo caminho. Para isso, já coloquei todos os links dos meus blogs prediletos. Para isso estou testando minhas capacidades com este texto, faltando ainda saber como colocar imagens. Mas sei que chego lá.


Por enquanto, só posso dar as boas vindas aos primeiros visitantes e pedir desculpas por não ter ainda um café fresquinho, coado na hora. Logo, logo teremos o café fumegante, biscoitos, bolos e muito papo e alegria por aquí.


Até lá. Até já.

01/10/2008

Curriculum vitae

(de um pobre coitado)

Sou um cara sem rumo, sem prumo e sem endereço fixo. Já fui soldado, hippie, bom moço, comunista, juventude transviada e agora sou socialista. De meu não possuo nada, apenas este enorme nariz que vive se enfiando onde não deve. Dois pés que vivem tropeçando um no outro e duas mãos que nunca sabem onde devem ficar. Ou o que devem coçar. Tenho também duas mudas de roupa, dois pares de meias furadas e um par de sapatos velhos que me acompanham aonde quer que eu vá.
Vejo o mundo por trás das grossas lentes de uns óculos cuja haste está presa por um esparadrapo sujo. Os olhos, desde menino, viraram um na direção do outro e nunca mais desviraram. Ouço bem, mas prefiro fazer ouvidos moucos, pois todas as palavras que ouço são loucas. Uma vez me disseram que sou tão gordo que as pessoas fazem cooper correndo em volta de mim. Não liguei a mínima pra isso.
Quando me interesso por uma mulher, minhas cantadas são ignoradas, mas algumas fazem a caridade de deixar-me descansar a cabeça entre suas coxas. Cheiro virilhas, cuspo pentelhos e, com as mãos, procuro-lhes os seios. O pequeno pau, duríssimo, acaba procurando seus caminhos e, quando não os erra, ejacula rapidamente. Depois corro pra privada e lavo o pequenino direitinho. Não sei por que elas acabam sempre me xingando, pois pago regiamente pelos seus serviços.
Nunca namorei, nem amei uma mulher. Nunca ofereci flores, bombons ou brilhantes. Nunca escrevi bilhetes ou cartas, nem telefonei para qualquer uma. Mas adoro apoiar a cabeça entre seios fartos e cheirar a mistura de sabonete e suor que emana deles. Por isso, quando encontro alguma incauta, dou-lhe camisas, meias e cuecas para lavar. Muitas ficam putas da vida e se vão, me deixando literalmente na mão.
É impossível explicar a angústia que bate quando sou estimulado por uma delas a entendê-la, olhá-la e vê-la. Eu as prefiro sem nome, endereço, telefone. Pago por noite, ou por hora e nem me despeço. Como bom socialista que sou, deixo-a livre para atender e saciar outro homem. Ou outra mulher, se ela quiser.
As mulheres são irritantes em sua mania de amar. E quando querem namorar, então? Tornam-se insuportáveis. Eu quero apenas continuar na minha solidão, podendo tê-las todas ao meu redor, para satisfazer meus instintos mais baixos quando me apetecer.
Me chamam de cretino, dizem que sou cruel e manipulador. Não quero ser julgado, nem tampouco amarrado. Quero apenas viver minha vidinha insípida sem arrastar ninguém atrás de mim. Talvez, se aprendesse a ser homem de verdade, pudesse permitir que algum sentimento mais nobre se apoderasse de mim, calando minha boca e mudando-me o olhar. Mas toda vez que uma mulher, cujo nome nem sei, fecha com a sua boca as minhas palavras, as suas pernas se abrem e meu pintinho enlouquece.
Não me acusem de machista, chauvinista, nem de politicamente incorreto. Sou apenas um pobre coitado, sem eira nem beira, que ainda não encontrou seu próprio lugar neste mundo louco, onde cada um quer garantir sua fatia de qualquer coisa.