16/11/2008


ACENDENDO UM INCENSO DE ROSAS BRANCAS

(é bom para a compreensão, a tolerância e a paz)







- Sábado, três e pouco da tarde, num supermercado:

Estou tirando um carrinho para compras quando chega uma moça grávida com a linda filhinha pela mão. Ofereço o carrinho, a garotinha abre um enorme sorriso, diz "bigada tio" e sai, saltitante, com a mãe. Num dos corredores, cruzo com as duas e a garotinha, abanando as mãozinhas para mim, diz "oi, tio"...
Passando pelo setor de carnes, vejo a moça na fila e, por perto, a menininha conversando animadamente com um garotinho que aparentava ter a sua idade. No mesmo momento, uma moça com cara de poucos amigos puxa o garotinho e diz, bem alto "quantas vezes preciso dizer que não quero ver você conversando com essa gente?" A moça grávida chama a filha, segura sua mãozinha e ficam, caladas, aguardando sua vez na fila da carne.

Detalhe 1: mãe e filha são negras;
Detalhe 2: mãe e filho são brancos;
Detalhe 3: nada confirma ambas as maternidades. Eu apenas supus...

Existem coisas que me irritam profundamente. Uma delas é o preconceito. Qualquer tipo de preconceito.

Embora tenhamos sido criados num mundo onde ainda imperam discriminações geradas pela intolerância às diferenças, é passada a hora de nos conscientizarmos que a diversidade não nos diferencia como seres humanos. Nossas diferenças nos enriquecem, pois podem ser vistas como veículos de aprendizado e de integração.

As crianças, em geral, não se deixam guiar pelos preconceitos. Se gostam, simplesmente gostam. Ou não. Pronto! Fácil assim! Mas vão sendo moldados pelos pais, professores, sociedade. E de repente, são atacadas pelo vício milenar de separar as pessoas, seja pela cor da pele, formato dos olhos, religião, preferências pessoais e sexuais e tantas outras diferenças.

A garotinha crescerá sentindo-se discriminada pela cor de sua pele. E acabará criando seus próprios preconceitos, juntando-os aos aprendidos no meio em que vive. E o garotinho tem de tudo para tornar-se mais um racista prepotente e, talvez, veículo de outros tipos de preconceitos.

Que o aroma das rosas brancas traga tolerância e compreensão aos nossos corações. E que ajude a germinar a flor da paz.