31/12/2008



A todos vocês, com quem conviví neste último ano e a todos os novos que entraram recentemente em minha vida, deixo meus votos de Feliz Ano Novo e que possamos continuar juntos durante os próximos 365 dias para, então, renovarmos nossos votos.

A todos um ano de luz e de cores.

Com o meu carinho.

Zeca.

21/12/2008




AS TRADIÇÕES DO NATAL
(terceira parte)

1. Papai Noel – Havia no século 4, o Arcebispo Nicolau Taumaturgo que costumava ajudar anonimamente que estivesse em dificuldades financeiras, colocando na chaminé das casas sacos com moedas de ouro. Muitos milagres lhe foram atribuídos, o que fez com que acabasse sendo declarado santo.
Em l822, o escritor americano Clement Moore, autor do poema “The Night Before Christmas”, até hoje popularíssimo entre os norte americanos, acabou criando a imagem mais popular de Papai Noel. Quase meio século depois, uma série de gravuras de Thomas Nast acabou consagrando a imagem do velhinho de vermelho e branco, lendo cartas e listas de presentes em sua fábrica. Mas a campanha publicitária da Coca-Cola foi a verdadeira responsável final pela fixação da versão gorducha e alegre do personagem, impressa na imaginação popular até hoje. Todos os anos, entre 1931 e 1964, a Coca-Cola veiculava uma imagem do bom belhinho na contra capa da revista National Geografic.

A roupa vermelho e branca está associada aos mantos tradicionais dos bispos católicos, o que a vincula diretamente ao verdadeiro São Nicolau. A chaminé, está ligada ao costume dos europeus de limpá-la no fim do ano para permitir que a boa sorte por ali entrasse no ano seguinte. Na Finlândia, pequenas tendas, em formato de iglus, com a entrada feita por um buraco no telhado, teriam inspirado o poema de Moore. Já no norte europeu, a tradição diz que Papai Noel vive na Lapônia, na cidade de Rovaniemi, onde de fato existe o “escritório do Papai Noel” bem como o parque conhecido como “Santa Park”, uma atração turística local.

2. Natal brasileiro – Altamente caracterizado pela troca de presentes entre amigos e familiares na noite de 24 de dezembro, independente da tradição da chaminé dos países frios. Aqui o Papai Noel tanto pode entrar pela porta da frente, como deixar os presentes sob a árvore de natal durante a madrugada. Entre parentes e colegas de trabalho, existe o hábito de trocar presentes através do Amigo Secreto. Mas antes da festa católica incorporar os símbolos protestantes da árvore e da distribuição de presentes, a festa tradicionalmente religiosa era marcada pela missa do galo seguida da ceia em família.

Hoje, entre as tradições tipicamente brasileiras, estão os pratos típicos dessa época. Os costumes gastronômicos revelam a mistura cultural que parece universal, mas é uma adaptação bem brasileira. Da cultura portuguesa temos bolinhos de bacalhau e a indefectível rabanada, na mesma mesa onde temos o Italianíssimo panetone e aves como o peru que, no Brasil ganhou recheio de farofa e enfeites com cerejas e rodelas de abacaxi. Temos também, na mesa de Natal, o tender e o chester, este último, uma ave que está virando o símbolo do natal brasileiro, além das frutas secas européias dividindo espaço com as frutas tropicais.

17/12/2008



AS TRADIÇÕES DO NATAL
(segunda parte)

1. Arvore de Natal - Uma das maiores tradições natalinas, com forte presença no Brasil e na maioria dos países cristãos é a árvore de natal (uma das minhas prediletas). Normalmente, um pinheiro adornado com bolas e enfeites coloridos, laços de fitas, luzes e o que mais ditar a imaginação. Com a massificação da vida moderna, são bastante comuns hoje as árvores artificiais ou galhos secos em seu lugar.
À Alemanha são dados os créditos da origem dessa tradição. Diz a lenda que Martinho Lutero, olhando para o céu, viu as estrelas como colares de luzes por cima das copas dos pinheiros. Levou um galho para casa, plantou-o num vaso e, com papéis coloridos e pequenas velas nas pontas dos ramos, tentou reproduzir o que vira na natureza. Rapidamente essa tradição espalhou-se pela Europa, tentando mostrar o céu na noite do nascimento de Cristo. No início do século XIX essa tradição chegou aos Estados Unidos, de onde se espalhou para o resto do mundo.
Na idade média, em rituais pagãos, acreditando nos espíritos das árvores, quando as folhas caiam deixando-as com galhos nus durante o inverno, as pessoas as enfeitavam com pedras pintadas e panos coloridos para que retornassem na primavera. Os cristãos já viram nos pinheiros a forma triangular que representa a Santíssima Trindade. Hoje, as árvores de natal são enfeitadas no final de novembro ou início de dezembro e só devem ser desmontadas no dia seis de janeiro, quando os Reis Magos presentearam o Menino Jesus.

2. Missa do Galo - Diz uma lenda que, à meia noite do dia 24 de dezembro, os galos cantaram anunciando a vinda do Messias. Outra tradição diz que a Missa de Natal terminava tão tarde que, quando as pessoas voltavam para casa, os galos já estavam cantando. Assim, os países católicos acabaram associando o Galo à comemoração do nascimento de Cristo, denominando-a como “Missa do Galo”. Após o culto, as famílias retornavam às suas casas e colocavam a imagem do Menino Jesus no presépio antes de compartilharem a ceia e a troca de presentes.

3. Troca de Presentes – A troca de presentes está relacionada aos presentes que os Reis Magos teriam levado a Jesus. Inicialmente, trocavam-se presentes no dia de Reis, seis de janeiro, mas aos poucos, alguns povos foram antecipando essa data para a noite de Natal, talvez devido ao caráter comercial que acabou transformando a data no maior evento capitalista do ano. Por outro lado, existe também a simbologia de confraternização e estreitamente de laços afetivos e cristãos de amor ao próximo, simbolizados pelo oferecimento de presentes que, antigamente, eram confeccionados em casa. Eram pães, bolos, compotas ou pequenos objetos feitos por cada um, conforme suas habilidades, demonstrando cuidado, carinho e atenção.

4. Presépio – Conforme mencionado anteriormente, após a Missa do Galo, as pessoas colocavam no presépio a imagem de Deus Menino, simbolizando seu nascimento. Esse é o único símbolo de Natal verdadeiramente inspirado nos Evangelhos, pois segundo a tradição, em 1223, São Francisco de Assis montou uma reprodução da imagem do Menino Jesus, da Virgem Maria e de São José, com a devida autorização papal. Desde então, famílias de diferentes culturas dentro das tradições cristãs, vêm montando a representação da cena do nascimento, acrescentando figuras e elementos conforme sua imaginação e posses.

12/12/2008


O NATAL


Os romanos comemoravam o solstício de inverno no dia 25 de dezembro, consagrando esse dia ao nascimento do Deus Sol Invencível. Em honra a Saturno, comemoravam igualmente a Saturnália, com grandes banquetes e orgias, enquanto os pagãos europeus celebravam a chegada da luz e dos dias mais longos do inverno. Eram festas voltadas à agricultura, pretendendo que as futuras colheitas fossem fartas, abundantes. Por volta do segundo século, os cristãos começaram a comemorar o nascimento de Cristo. No ano 354 d.C., o Papa Libério, querendo cristianizar as festas pagãs, instituiu oficialmente a celebração do Natal de Jesus. Em latim, Natal é um vocábulo derivado de Natividade e a data escolhida deveria coincidir com a festividade romana, expressando o sincretismo religioso dessa data, através dos simbolismos de Cristo como sendo o “sol da justiça e a “luz do mundo”. Como o cristianismo não conseguia eliminar as festas pagãs, o melhor era misturar-se com os pagãos, voltando as celebrações para Cristo.

O Natal acabou tornando-se a celebração mais significativa para as Igrejas Católica e cristãs em geral, ao mesmo tempo em que é comemorado universalmente por vários credos como sendo o dia da reunião da família, da solidariedade e da fraternidade entre as pessoas.

Já no século XVI, no Brasil, os jesuítas haviam incorporado as celebrações natalinas, com a missa do galo, o jantar em família e a montagem de presépios. Entretanto, apenas no fim do século XVIII, foram introduzidas a árvore de natal, a figura do Papai Noel e a distribuição de presentes. O individualismo característico da Reforma Protestante aumentando a movimentação de troca mercadorias e o capitalismo, reduziu a culpa católica sobre a posse de bens e dinheiro, tornando o Natal uma das celebrações mais rentáveis do mundo atual. Da Europa do Norte, os cultos pagãos trouxeram a associação do evento à neve, à árvore de natal e à figura de São Nicolau, que originou o conhecido Papai Noel. As tradições natalinas são variadas e ricas, mas a influência de países como os Estados Unidos e a Inglaterra determina a tônica da celebração nos países ocidentais.

As tradições são, geralmente, passadas de geração em geração por narração oral, pela transmissão de lendas e por valores espirituais. No caso do Natal, a tradição mais conhecida e respeitada é a Ceia à meia noite do dia 24 de dezembro e a visita do Papai Noel, com presentes, especialmente para as crianças.

Particularmente eu gosto muito do Natal. É uma época em que as pessoas parecem mais tranqüilas e sorridentes, devido à transição de um ano para outro, onde se fazem balanços de vida e de expectativas, renovando planos e esperanças. As ruas e lojas se iluminam e se cobrem de enfeites natalinos, claro que em busca dos consumidores que se predispõem a gastar um pouco mais nessa época do ano, seja para as ceias, para os presentes ou renovação de móveis e eletrodomésticos. Essa demonstração do poder capitalista acaba enfatizando ainda mais as diferenças sociais existentes, motivo para que nos concentremos na procura de ações mais efetivas na busca de soluções para a diminuição dessas diferenças.

Sonhos? Utopias Talvez! Mas lembre-se: é Natal!

04/12/2008

CONTINUAÇÃO



MEU PAI – SEU PAI - NOSSOS PAIS
(terceira parte)




Anos depois, minha mãe conheceu seu atual marido, a quem eu amo muito, pois sempre foi para mim tudo aquilo que o meu próprio pai não foi. Sempre nos demos muitíssimo bem e, na verdade, eu fui o grande incentivador dessa união. Minha mãe não conseguia o divórcio, pois meu pai se recusava a assinar só para atrapalhar e, assim, os dois acabaram vivendo juntos. Daí eu aproveitei para sair de casa e começar a viver a minha própria vida.

Muitos anos depois, acho que uns vinte, senão mais, eu já morava em Paraty, quando minha mãe telefonou avisando que meu pai estava muito doente e me aconselhava a ir fazer-lhe uma visita, pois ele já estava desenganado pelos médicos. Ele estava na casa do meu irmão e eu resolvi visitá-lo. Quando o vi, envelhecido pela doença, frágil, cabelos totalmente brancos, tudo o que senti foi pena. Um homem que era bonito, inteligente e relativamente bem sucedido, reduzido a um rascunho, quase sem forças e numa cadeira de rodas.

Nosso reencontro foi completamente apático. Ele me olhou e perguntou: como vai? Como se tivesse estado comigo no dia anterior! Tentamos conversar um pouco, mas a conversa não fluía. Era difícil. Fiquei lá algumas horas, depois fui embora e só voltei a vê-lo no hospital, novamente atendendo à minha mãe. Por ironia do destino, no final da sua vida, as pessoas que cuidaram dele, que o acompanharam em seus últimos momentos, foram a minha mãe e o meu padrasto! Este dormia no hospital, levava-o para passear na cadeira de rodas, fazia companhia. Foi muito triste o fim dele! Quando fui visitá-lo, encontrei um homenzinho fraco, franzino, cabeça totalmente branca e quase sem forças para falar. Quando coloquei minha mão em seu ombro, senti que ele se retesou e eu desfiz o gesto de carinho e fui chorar lá fora. Alguns dias depois, minha mãe ligou de madrugada avisando de sua morte. Fui ao enterro e, pela última vez vi o seu rosto, totalmente diferente daquele do qual eu me lembrava.

Eu contei tudo isso, em parte como desabafo, em parte para falar um pouco sobre ele e sobre a maioria dos pais de antigamente. A leitura de outros textos sobre pais e filhos sempre me emociona e, não raro, toda a minha história volta à lembrança. De qualquer forma, não culpo meu pai pela falta de atenção e carinho. Nascido na segunda década do século passado, filho de portugueses que vieram para o Brasil “fazer a vida”, trabalhou muito desde a infância. Só conseguiu estudar (fez contabilidade e direito) depois de casado, pois enquanto solteiro, minha avó o obrigou a aprender a “profissão de São José” (marcenaria). Depois de casado, livre enfim da influência de sua mãe, foi estudar, acabou virando advogado e ainda estudou inglês. E desenhava. Escondido.

Eu não sei muito mais que isso da história dele, mas imagino a vida dura e difícil que levou. O que aprendeu e as mensagens que recebeu durante toda a sua vida... homem é isso, é aquilo, não faz isso, não faz aquilo. Isso não é coisa de homem, é coisa de mulher. Com tantas limitações, o que mais ele poderia passar para os filhos? Principalmente para um que era extremamente curioso, sensível, completamente diferente de tudo o que ele esperava num filho? Eu não gostava de futebol, não brigava na rua, era estudioso e o melhor aluno da classe. Gostava de ler, de desenhar, de música... Eu não era o primogênito que ele esperava! Ou talvez eu fosse o espelho onde ele detestava se enxergar...