10/01/2009

Águas de janeiro - desolação

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Hoje acordei com um enorme susto! Como sempre faço, quando levanto, abri a janela do meu quarto que dá para o jardim. E o jardim estava embaixo d'água! Ao lado, a garagem e o caminho de pedras que leva até o portão, cobertos com uma espessa camada de lama! O meu cachorro, aflito, sem saber para onde ir, quase pulou para dentro do meu quarto pela janela, pois sua casinha estava também tomada pela lama. Saí para ver o que houve (como se eu não soubesse!) e enfiei o pé na lama para chegar até o portão. A rua coberta pela lama, nem parecia asfaltada. A calçada havia desaparecido soterrada. Alguns vizinhos, como eu, observavam perplexos aquela desolação.

Já passei por isso outras duas vezes: uma aqui mesmo, em 1985 e outra em outra cidade, com 2 metros de água dentro da loja - perdi tudo! Ainda tive um ameaço de enchente, naquela cidade, no inicio de 2007. Foram dias de angústia, tirando tudo de dentro da loja e aguardando a catástrofe que, finalmente, não veio. Mas as conseqüências foram funestas e o prejuízo nefasto.

Desta vez não foi tão grave assim, mas a minha casa fica num local mais alto, num dos bairros "bons" da cidade. Os bairros localizados à beira do rio tiveram um impacto terrível, com desabrigados, inclusive turistas, pois muitas pousadas foram tomadas pela enchente. E carros e barcos se amontoaram ou foram levados pelas águas. Foi uma tromba d'água que caiu na serra que separa Cunha de Paraty. E de lá tudo veio rolando até o mar... As histórias são muitas, mas eu ainda não me dispus a ouvi-las.

Estou na galeria agora. Já providenciamos a limpeza do jardim e não tenho muito que fazer em casa. Além do mais, a Camila que trabalha comigo teve sua casa invadida pela cheia. E ela tem um bebê de oito meses. O centro histórico foi pouco afetado, mas a lama que cobre as ruas é terrível e cheira muito mal. O prefeito já avisou que ficaremos três dias sem água, pois o reservatório está totalmente contaminado e é necessário um procedimento de descontaminação e re-tratamento. Os próximos dias não serão fáceis! Descontaminação, limpeza, reconstrução...

Pelas experiências anteriores, sou um pouco traumatizado com isso. Quando vejo na televisão cidades que sofreram enchentes, sofro junto com o povo afetado. Imagine como me sinto no meio da calamidade! Eu não tive perdas materiais, mas me aflijo com os que perderam seus móveis, roupas, casas.

Eu me recupero! E logo trago o sorriso de volta ao rosto! Por enquanto, estou carente e precisando de colo.