14/06/2009

CARTA A UMA AMIGA QUERIDA (e a todos os amigos das "Janelas do Zeca")

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E-mail enviado a uma amiga querida - uma das minhas paixões - e cujo texto serve de despedida aqui...





Amiga querida!

O que anda acontecendo conosco? Sempre foi muito triste assistir ao fim de um blog, onde o autor colocou sonhos e esperanças. Onde procurou, encontrou, se decepcionou, foi feliz. Onde colocou parte da sua vida, das suas experiências, do seu conhecimento e até mesmo do seu desconhecimento. Creio que toda a expectativa que nos leva ao impulso de criar um blog é uma energia que gera movimento para a frente, uma contínua procura de realização pessoal, pelo menos naquela telinha que leva a nossa marca. E me pergunto: o que acontece que, um dia, não sem sofrimento (acredito nisso!), tomemos a corajosa decisão de colocar um ponto final em tudo aquilo? Em que, corajosamente, mudamos uma rotina que foi nossa companheira por um espaço de tempo, deixando um espaço vazio em nossas vidas, que até pode ser preenchido por outras coisas, outros interesses, outros afazeres, mas nunca deixará de ser "aquele" espaço que foi ocupado pelo "nosso blog". Em que damos as costas aos nossos "vermelhos", às nossas "janelas", àqueles nomes criados com tanto carinho, com tanta expectativa... não sei. Não tenho respostas, apenas questões. Mas entendo e respeito a decisão tão corajosamente tomada por você, de colocar o ponto final e definitivo no espaço criado para interagir com tantas pessoas que passaram a admirá-la, a amá-la, a procurá-la, a tomá-la como exemplo, inspiração. E também invejo essa coragem! Pois eu não a encontro e deixo as minhas janelas abertas, solitárias, carentes dos meus cuidados e das visitas das pessoas que ajudavam a dar-lhes vida. Quando penso em escrever um texto definitivo para despedir-me dos amigos e visitantes, brota uma última esperançazinha lá no fundo de mim mesmo que impede esse ato e me faz adiar o inevitável. É difícil! Muito difícil jogar a última pá de terra sobre o túmulo de um blog que tanto representou em nossas vidas! Mas é isso que deve ser feito quando a inspiração se vai, a esperança se esconde, os sonhos evaporam e a inércia toma conta da nossa vontade. Talvez seja essa coragem que eu esteja buscando ao redigir este texto dirigido a você que acaba de tomar sua decisão e de agir rapidamente, antes que o arrependimento se abata sobre você. Como você tem sido, ao longo dos últimos cinco anos um dos meus modelos, talvez eu esteja me aproveitando disso para disfarçar a minha covardia e, finalmente, fechar as Janelas do Zeca. Obrigado, amiga! Obrigado pelos anos de companheirismo, de cumplicidade e por todas as coisas boas que você, generosamente, me ofertou. Eu sei que lá no fundinho do meu coração uma chamazinha quase apagada insiste em deixar-me com a esperança de que, um dia, a Fênix que a habita vença ainda uma vez a anunciada morte desse vermelho que tanto nos inspirou. Enquanto isso, deixo-lhe os meus desejos de vida, amor e paixão, que eu sei que são o círculo contínuo que move a sua vida.

E deixo o meu beijo, de ontem, de hoje, de amanhã e de sempre!

Zeca.

Deixo a todos o meu beijo, o meu carinho e, desde já, a minha saudade.




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03/06/2009

Trivialmente

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Os (meus) amores (im) possíveis


Às vezes acordo me perguntando se é possível amar uma pessoa que não nos ama ou que ama outra pessoa, sem chegar a um acordo comigo mesmo sobre a resposta. Ou porque sou suspeito, pois existe a tendência de encontrar respostas que me satisfaçam, ou por não ficar satisfeito com a mais óbvia, que é deixar de lado um amor que apenas me trará sofrimento e desilusão.

Não creio que possamos controlar os sentimentos, muito menos o amor. Podemos até querer amar alguém que nos parece ser o retrato da pessoa que procuramos, mas isso também é impossível, pois a seta do Cupido é imprevisível e, muitas vezes, nos acerta no local e na hora errados.

Então, amigos! Estou novamente no Palimpnóia... se quiser me dar o prazer de ler o texto inteiro, basta seguir o link, clicando aqui ou na palavra Palimpnóia. Depois, deixe seu comentário. Ele é importante para mim e para todos nós.

Por enquanto continuo apenas no Palimpnóia, quinzenalmente. Sempre às quartas.

Obrigado pela sua amizade e pelo seu carinho.

Até breve!



imagem: Sá Fleitas - Mea Culpa

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18/05/2009

Trivialmente

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O homem, o sexo e as fantasias

Um mundo liberado de regras, onde cada um dos nossos desejos mais íntimos pode ser realizado sem qualquer tipo de censura existe de verdade. É um mundo onde temos total liberdade para transformar desejos ocultos em realidade, onde temos absoluto controle sobre tudo e sobre todos. Esse é o mundo particular de cada um, o mundo da fantasia.

O homem, muito mais voltado ao lado racional e prático da vida, também fantasia. E muito! Sosseguem mocinhas! Entre as mais comuns estão as próprias parceiras, dando ou recebendo sexo oral, acompanhadas de outra mulher ou com outro casal. Também a masturbação feminina e o sexo anal encontram-se entre as mais comuns das fantasias masculinas. Como as mulheres têm ainda mais liberdade para fantasiar, a vida do casal pode receber esse aditivo, desde que as fantasias de ambos coincidam e lhes tragam maior prazer e cumplicidade.

QUER LER MAIS? SIGA O LINK CLICANDO AQUI.




Amigos


Ainda não é meu retorno, apenas um ensaio. Estou bem e grato a todos aqueles que têm passado por aqui e deixado palavras de carinho. Continuo escrevendo no Palimpnóia quinzenalmente e hoje deixei lá a crônica cujo início publiquei acima. Deem uma chegadinha lá, leiam e opinem, isso é tão importante para mim! E para todos os que participam do Palimpnóia!
Logo vou publicar aqui o que ando fazendo, como tenho driblado os problemas e administrado o tempo, esse senhor tão implacável, que nos escraviza tanto. Vou contar sobre os meus pais, sobre o Alzheimer e sobre como estamos convivendo com isso. Vou falar também sobre o meu trabalho e o sucesso da exposição que ainda permanece, até o próximo dia 22 de maio lá no Espaço Cultural do Banco Central do Brasil, na Av. Paulista, em Sumpaulo. A galeria permanece aberta todos os dias, das 10h às 16h e vale a pena conferir.

Deixo beijos e abraços. E muito carinho.

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31/03/2009

Dúvidas

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Eu não aguento mais essa tortura! Primeiro vieram as fadas, os duendes, os gnomos! Foram invadindo a minha casa, a minha vida, o meu ser! Depois, pouco a pouco, ele foi tentando apropriar-se de minha alma. Foi se instalando dentro de mim, ocupando cada cantinho que encontrasse e me expulsando para um lugar sombrio, que eu nem ao menos reconhecia. Covardemente fui me encolhendo, me deixando dominar. Ele, se fortalecendo, criando vida própria, tomando conta de tudo e de todos. Até meus amigos se encantaram com ele! Depois foi a vez de expulsar os seres da natureza, que estavam ali para dar um contrapondo mais leve às agruras que a vida adulta traz consigo. Expulsou-os para locais desconhecidos. Ele mesmo foi se transformando. O doce e meigo garotinho cresceu e perdeu a suavidade. Ganhou em malignidade disfarçada pelo sorriso farto e os olhos brilhantes. Mas eu o via, do meu canto escuro e úmido. Percebia todos os seus movimentos e todos os disfarces usados para seduzir pessoas. Transformou-se num jovem sedutor, ao qual todos se rendiam, como eu mesmo havia feito.

Enquanto acompanhava o seu desenvolvimento, imaginava formas de lidar com ele. Mas nenhuma das minhas maquinações foi suficiente. Ele as vencia, uma a uma. E foi seguindo seu caminho, anulando-me cada vez mais. Sentia que estava perdendo minha própria identidade. Estava sendo transformado numa horrenda caricatura dele. Pouco a pouco ele acabaria tomando posse do meu corpo. Da minha vida. Da minha alma. Algo precisava ser feito. Reunindo o pouco de forças que ainda me restava, consegui lançar um sinal de socorro, que uma amiga, mais atenta, percebeu e respondeu, através de sinais, lançando a ponta da corda com a qual eu conseguiria libertar-me do cativeiro, tendo então a sonhada oportunidade de lutar contra ele.

Livrou-se do filho gerado, não o assumindo e entregando sua guarda aos pais da moça. Saiu aliviado e pronto para novas aventuras. Foi para o exército onde, em plena ditadura, cativou a todos, inclusive o amor de Regina, de quem acabou se enamorando, e destruindo. Morou com sua antiga namorada, Arlete, que largou tudo para segui-lo, até que, cansado, dispensou-a friamente, deixando mais uma presa em sua trilha. Conheceu outras pessoas, teve outras experiências e foi deixando, por onde passava, outras vítimas dos seus encantos. Com o passar do tempo, mais encantador e maligno ele se tornava. Crescia e, atrás do sorriso cativante, corações iam sendo destruídos. Havia se transformado num monstro. Alimentava-se do mal que espalhava. E quanto mais vivesse mais aumentaria seu campo de destruição.

Estava claro que algo precisava ser feito. Ele era um daqueles personagens criados numa bela manhã de inverno, que conseguiam criar vida própria, livres de qualquer controle. Até praticamente deixar o criador anulado, esquecido de si próprio, pois sua personalidade forte ia se alastrando, inicialmente restrita àquela sala, mas pouco a pouco, tomando conta de tudo e de todos. Ele já andava pelas ruas, fazia novos amigos, angariava outras simpatias. Era preciso fazer algo urgentemente. Foi quando, num ímpeto de coragem, acordei de um sonho ruim e o prendi numa armadilha. Seu ponto fraco é que, à medida que se tornava mais humano, ia desenvolvendo hábitos comuns, como o de dormir. Peguei-o durante o sono, com um beatífico sorriso nos lábios, mais parecendo um lindo anjo descansando. Prendi-o com grossas correntes, dentro de um cofre forte, do qual apenas eu conheço o segredo. Agora ele está lá, se debatendo para sair.

Eu sei que não posso fraquejar. Ainda o amo, pois é minha maior criação. Mas estou ciente de sua desvirtuação, de seu descontrole. Não decidi ainda o que fazer. Talvez o lance em alto mar, sepultando de vez quem hesito em renegar. Talvez crie um espaço fechado, exclusivo, de onde não poderá sair. Precisa ser um local seguro, do qual apenas eu tenha a chave e cuja fechadura se abra apenas pelo lado de fora, para que não consiga fugir e espalhar mais maldades por este mundo já tão saturado de horrores. Minha amiga sugeriu duas possibilidades: a primeira, quase inviável devido aos seus encantos que sempre acabam me enfeitiçando seria terminar logo sua história, colocando o ponto final. A segunda, seria criar um local onde ele pudesse existir, apenas seu e de mais ninguém. Ainda não estou certo, pois o coração de um criador não é imune à sua cria, seja ela anjo ou demônio.

:-)*(-:


Estou enfrentando grandes dificuldades com o meu tempo. Não tenho conseguido visitar os amigos, não tenho conseguido parar para escrever, não tenho conseguido pensar em nada novo para postar. O Alzheimer do meu padrasto está progredindo, minha mãe precisando de um pouco mais de força e o artista que represento está em fase de ascensão, com novos convites e, consequentemente, mais trabalho para mim. Agora mesmo estou trabalhando na preparação da nova exposição (de 06 a 22 de maio, no Centro Cultural do Banco Central, em São Paulo). Aproveito as constantes viagens a São Paulo para estar um, dois dias com meus pais. Mais, não tenho como fazer. Tenho sentido uma enorme pressão sobre mim e preciso fazer algo em meu favor. Cortando algumas coisas, mesmo que temporariamente. Com lágrimas nos olhos digito estas palavras; com um aperto no peito digo que vou parar por algum tempo. Eu volto! Nós sempre voltamos! Não deixarei de visitar os amigos, sempre que possível, mas minhas janelas continuarão abertas, embora sem novas postagens por algum tempo.

Deixo meu carinho por todos e minha gratidão pelas belas amizades que aqui conquistei. Isto não é uma despedida; é apenas um até breve.


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27/03/2009

Hoje é dia de festa!!!

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Tá tudo preparado e os amigos estão começando a chegar.
Esta festa é pra vocês, que estão sempre comigo.




Vamos comemorar, brincar e dançar até amanhecer.
Que todo mundo se divirta.




Tem bolo de chocolate pra todo mundo.




Esta é uma festa de um ariano.
E dedicada a todos os arianos.




Todos prontos para a diversão?
Então, comecemos pelos brindes!
Feliz Aniversário pra todos nós!

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25/03/2009

Da Revolução Industrial à Era dos Blogs

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Desde a Revolução Industrial, que substituiu a ferramenta pela máquina, a burguesia se solidificou juntamente com o capitalismo. Foi um momento altamente revolucionário, de passagem da energia humana para a motriz, ponto culminante de uma evolução tecnológica, social e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média. Tudo isso se tornou possível a partir da invenção da máquina a vapor, além de um salto tecnológico que, juntos, acabaram impulsionando a industrialização mundial.

A partir daí, a velocidade com que os acontecimentos se deram só fez aumentar, atingindo velocidades impensáveis para nossos pacatos antepassados. O desenvolvimento tecnológico desenfreado implicou na necessidade de mais e mais informações, se processando cada vez mais rapidamente, culminando com as informações em tempo real que hoje a internet nos proporciona.

Não faz muito tempo em que era normal se inteirar do que acontecia no mundo pelo jornal matutino. Hoje, esses jornais servem mais para analisar as notícias do que propriamente informar em primeira mão. Essa informação temos instantaneamente, muitas vezes sem a preocupação com a qualidade da noticia. Não importa o veículo, se cabo ou internet... o que importa mesmo é a velocidade com que ela é divulgada.

E a internet, até o momento, é o topo desse desenvolvimento tecnológico, que nos conecta com o mundo inteiro instantaneamente. Através da internet podemos conversar ao vivo com pessoas do outro lado do planeta, trocar informações e nos mantermos informados sobre tudo o que se passa em qualquer país, por mais distante que esteja.

Parece-me que o século XXI será o “século da internet”.

Com o advento da rede mundial, em que todos podem participar, publicar e gerar conteúdos, os blogs surgiram como a principal ferramenta deste fenômeno, democratizando definitivamente o acesso de todos à comunicação. No Brasil, estima-se que 25% dos internautas brasileiros leiam blogs todos os dias em busca de informação, divulgação ou entretenimento.

Os hábitos de aquisição de informação vêm mudando radicalmente desde o surgimento da imprensa, do telégrafo, do telefone, do rádio e da televisão. A cada nova invenção, o homem ansiava por um pouco mais de informação disponível. Até a aparição da internet, onde temos infinitas possibilidades e fontes de informação. E esta última mudança foi tão repentina que a maioria de nós, adultos, ainda se lembra da época em que os computadores eram máquinas ligadas à ficção científica.

Com a blogosfera, um contingente praticamente ilimitado de leitores de um lado e escritores de outro, surgiu a oportunidade de não apenas procurar pela informação, mas também de criá-la, através dos milhares de escritores que surgem todos os dias. São milhares de novos blogs sendo criados a cada dia, onde encontramos, além de informações “jornalísticas” sobre os acontecimentos cotidianos, podemos nos surpreender com novos e ótimos poetas, dramaturgos, cronistas e até humoristas.

Eu estou na blogosfera há aproximadamente seis anos e posso dizer que isto aqui é viciante. Já fechei dois blogs e acabei retornando, pois não sei se conseguiria viver normalmente sem minha passadinha diária pela net. E confesso que preciso me policiar para não adicionar todos aqueles que vou encontrando pelo caminho e cujos assuntos e qualidade me causaram interesse. Acompanhar apenas aqueles que já conheço já é difícil devido à velocidade com que o nosso tempo passa, imagine se outros forem sendo incluídos, sem freio nenhum...

Agora eu pergunto: e você? Como vê tudo isso?

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23/03/2009

Relacionamentos on-line

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Mais que um fenômeno atual, os relacionamentos via internet estão se expandindo a olhos vistos. São relacionamentos românticos, de amizade, de troca de informações e até comerciais.

Com isso, as normas sociais e morais estão passando por um relaxamento, devendo impor um novo padrão ético. Por outro lado, deverão provocar um aumento da imaginação e da capacidade intelectual média das pessoas, pois existe uma grande diferença entre a realidade e o ciberespaço, onde a imaginação é importantíssima, especialmente para imaginar “como o outro é”.

Quer continuar a leitura? Clique aquí. E, por favor, deixe lá o seu comentário. Ele é muito importante para mim e para os demais integrantes do grupo.

Você já sabe:
dia sim, dia não, uma nova crônica para sua satisfação.

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18/03/2009

Aurora

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Vagueava desesperado, tendo como companhia os uivos do vento. Negras nuvens encobrindo a lua, apenas a escuridão em meu caminho. Meus olhos, enegrecidos por lágrimas doloridas permaneciam fechados, se desmanchando num rio de lágrimas amargas. O coração, num laço apertado queimava meu peito e o frio era minha mortalha. Estava completamente só, sem amigos, sem amor, sem ninguém. Quando a desesperança atingiu seu ponto mais agudo, minhas asas foram parando de bater e me deixei cair ao lado de um rio escuro e choroso. O ruído das águas correndo em busca de um destino desconhecido foi preenchendo minha mente cansada e, finalmente, um pouco de paz abateu-se sobre mim. O triste canto das águas do rio foi tomando conta dos meus sentidos e, pouco a pouco, nos tornamos um. Eu e o rio. Seguindo, chorosos, em busca do desconhecido.

Um raio de luz criou um mágico reflexo no meio do rio. Meus olhos ainda rasos d’água procuraram aquele único brilho em meio à escuridão. Pouco a pouco, na água, o que antes era apenas um canto triste ganhava forma, mostrando tênues relevos, alterados constantemente pelo risco de luz. Era a Lua, numa guerra surda vencendo a barreira de nuvens escuras e enviando um sinal amigo, de conforto. Apeguei-me àquele sinal e meu coração foi-se apaziguando, minhas lágrimas secando. Aos poucos as inamistosas nuvens negras foram abrindo espaço para o brilho da luz, até que esta, triunfante, mostrasse todo seu esplendor. O rio já não era tão tristonho, suas águas pareciam inebriadas pelo luar, mudando o tom lamentoso do seu canto para um som mais ameno, sereno. Uma a uma, as damas de companhia da Lua marcavam presença, pontos luminosos, transformando a paisagem e acalmando o meu coração.

Levantei-me e inspirei. Fundo. Soltei, num som de lamento, todo o tormento que habitava meu corpo, todo o sofrimento que apertava meu coração. E me pus a caminho.

Seguia o curso do rio, a trilha de luz sobre as águas, o canto ameno, o cheiro de mato. Já não mais ventava. Minhas asas foram se alongando, retomando suas cores e se abrindo sobre mim, elevando-me suavemente em busca do meu destino. A brisa se juntou ao rio fazendo música suave.

O coração doía ainda, mas a alma estava em paz. O corpo solitário se arrepiando levemente com a carícia da brisa da madrugada. E o som das asas batendo se juntou ao do rio e da brisa, harmonicamente, inconsciente.

O rio corria e cantava, acompanhado pela brisa e pelo som abafado das minhas asas. Meus olhos, agora secos perscrutavam o longínquo horizonte, iluminado pela Lua amiga e por suas damas de companhia. Mas, o que seria aquela luz ao longe?

Não era reflexo da Lua, nem tinha a cor das estrelas. Era mais amarelada, mais fixa. Enquanto me aproximava fui percebendo a silhueta de uma casa entre árvores. De uma janela aberta, ladeada por uma trepadeira em flor, que exalava suave perfume, saía aquela luz que me atraía, traindo a companhia da Lua. Com o olhar fixo para dentro daquela janela aberta vi alguém, ao lado de um abajur solitário que iluminava um vaso com copos de leite. Meio sentado, meio deitado naquela poltrona, um homem respirava a duras penas e dois olhos escuros procuravam, no vazio, por um raio de luz. Acerquei-me dele colocando uma mão sobre sua testa, enquanto a outra energizava seu coração.
Sua respiração foi se normalizando até que, num doce suspiro, seus olhos encontraram os meus. Seu olhar trazia tanta dor, tanto sofrimento que, esquecido dos meus, sorri docemente e convidei-o a me acompanhar.

Ele começou a se levantar devagar e enlacei-o em meus braços, num delicado abraço, levando-o comigo. Voamos juntos sob um céu festivo, com o séqüito da Lua seguindo-a enquanto, a leste, um clarão alaranjado anunciava a Aurora. Pousei na encosta de uma montanha, de onde se avistava o rio que me guiara e me despedi da amiga Lua, agradecendo sua companhia. Ela beijou levemente a testa do meu companheiro e com um sorriso doce afastou-se de nós. À chegada da Aurora, a paisagem prateada que me acompanhara foi se colorindo e, ao som do rio e da brisa foram se juntando novos e alegres sons matinais.

Comecei então a despir lentamente meu novo pupilo e seus olhos foram deixando que se esvaíssem toda a dor, a tristeza e o sofrimento que os tornava escuros. Foi adquirindo os tons da manhã, me olhando com carinho, me trazendo consolo. Já desnudado, apertei o seu corpo num abraço envolvente e fui retirando das suas costas os raios da luz da manhã que foram se transformando em asas coloridas. Como as minhas. E num beijo amoroso selamos nossa amizade e atamos nossas vidas que seguiriam unidas. Até quando? Não sei.


Nota: este conto foi publicado em 03/07/2004, escrito em homenagem ao Pedro Nascimento, um amigo português, que há muito sumiu da blogosfera... saudades, Pedro!

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11/03/2009

Desejos e Sonhos

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Chegou devagar, olhando demoradamente para a imensidão do mar. Um grupo de crianças brincando com areia e algumas mulheres conversando sobre esteiras estendidas. Mais nada. Sentou-se, tirou as sandálias e ficou curtindo o toque frio da areia úmida em seus pés. Seus olhos perdidos no horizonte não viam a cor do mar, sonhavam com outras paisagens. Seus pensamentos traíam suas feições praticamente imobilizadas. Em uma tarde ensolarada, com os cabelos revoltos pelo vento, suas pernas não conseguiam mais sustentar o corpo cansado de tanto caminhar por uma trilha que cruzava a montanha. Deixou-se descansar uns momentos sobre uma pedra, ao lado de um riacho cantante que rasgava o verde. Seu cantil, quase vazio, saciou sua sede e o lenço marrom secou o suor que umedecia sua testa. Subitamente um som entre todos despertou sua atenção. Eram vozes alegres, um grupo de jovens que chegava. Vinham alvoroçados, desfazendo o encanto daquela solidão escolhida. Garotas e rapazes vinham chegando pela mesma trilha e, com a simpatia dos jovens sorriram, acenaram e se aproximaram do córrego em algazarra. Um deles, mais calado, ficou à margem das brincadeiras, destacando-se pela seriedade. Seu olhar era vago, não se fixando em nada, não mostrando emoções. Sentou-se em outra pedra e ali ficou, absorto em seus pensamentos. Observado sem perceber, o jovem calado mais parecia uma escultura em um jardim. Sua pele clara indicava que não tomava muito sol. Suas mãos delicadas, dedos finos e longos, descansavam, cruzadas, sobre os joelhos. As pernas, libertas pela bermuda, mostravam uma penugem dourada. Os cabelos, castanhos, caíam sobre a testa alta. Enquanto o observava atentamente, seus sentimentos foram enternecendo seu coração e uma sensação desconhecida começou a tomar forma em seu íntimo. Nunca se ligara a rapazinhos, pelo contrário, sempre preferira os homens feitos, adultos experientes. Nem mesmo na mais tenra idade quisera contato com jovens da sua idade. Seu primeiro namorado era pelo menos oito anos mais velho. Mas aquele garoto chamara e fixara sua atenção, não sabia por que. Emanava dele algo especial, como se fosse uma aura, um odor diferente, um som surdo, um ar de entrega. Começou a desejá-lo. Ainda não sabia como, se queria acariciá-lo como um filho, embalá-lo em seus braços, beijar suas faces tão claras. Talvez quisesse extrair daqueles lábios vermelhos um sorriso, ou daqueles olhos profundos um brilho especial. Mas, à medida que analisava seus próprios sentimentos, começou a perceber um desejo mais ardente que aquecia suas entranhas. Gostaria mesmo de envolvê-lo em um abraço sensual, percorrendo sua pele com mãos curiosas, extrair daqueles lábios vermelhos um gemido de prazer, ou daqueles olhos profundos um brilho de amor. Ansiava pelos jogos de sedução, de conquista. Queria sentir seus corpos se fundindo, suas peles se roçando, seus suores misturados entre beijos e carícias sensuais. Desejava aqueles lábios vermelhos percorrendo sua pele, umedecendo e arrepiando sua nuca, extraindo profundos sons de prazer. Desejava aquelas mãos claras de dedos longos, tocando seu corpo como se fosse um instrumento musical, para comporem, juntos, uma sinfonia de amor. Queria a entrega total, os corpos transformando-se em um para, depois de um bailado ansioso, explodir de emoção e prazer. Enquanto sonhava, não notou que o grupo que estava no riacho voltava, chamando o amigo para seguirem caminho, despedindo-se com alegres risadas. Seguiram caminho e, com eles, se foi seu amado, deixando aquela profunda sensação de solidão, aquela angústia de amor não correspondido, de desejo não consumado. Seu corpo quente foi trespassado por um arrepio, como se um enorme vazio engolisse sua alma. Seus olhos, perdidos na trilha que descia até a praia nada mais enxergavam. Nenhum som de vozes ou de risadas se ouvia mais. Apenas os sons de uma mata rala, num fim de tarde, em total solidão. Passado o torpor, resolveu segui-los voltando pela trilha em direção à praia, onde um grupo de crianças brincava com areia e algumas mulheres conversavam sentadas em esteiras.

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07/03/2009

Dia Internacional da Mulher

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Como todos sabem, no dia 08 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, data em que todos homenageiam as mulheres que mais se destacaram em todas as áreas da vida.

Eu quero homenagear todas as mulheres através da homenagem que presto a uma única mulher muito especial. Ela tem se destacado, para mim, através de suas muitas qualidades, que venho descobrindo dia-a-dia. Pra começo de conversa, ela é filha e mãe, além de ser uma prendada dona de casa, que lava, passa, cozinha, cuida do jardim e até pequenos reparos de manutenção ela faz. Mantém um blogue, através do qual distribui carinho e cultiva fortes amizades. Sua simpatia faz com que todos gostem dela. É uma linda mulher, que se cuida, se embeleza e distribui beleza ao seu redor através dos desenhos que faz. Foi casada mas não mede esforços pelo bem estar do ex-marido de quem é grande amiga e com quem tem uma linda filha. É uma mulher forte e guerreira. E tem um cãozinho chamado Zeca.

Essa mulher que, tenho certeza, todos já sabem quem é, aniversaria hoje. Não poderia ser em outra data. E quero deixar aqui registrada a grande admiração que sinto por ela, o imenso carinho que rege a nossa amizade e os meus votos de que seja sempre muito feliz! Que nesta data todos os anjos do céu e aqueles que estiverem aqui pela Terra se reunam para saudá-la, reverenciá-la e homenageá-la. Eu, certamente, não sou um deles, mas é o que estou fazendo.

Feliz Aniversário, Beti Timm!


Que toda ventura que te desejo hoje se perpetue em sua vida! Que seus sonhos sejam realizados e seus caminhos revestidos de pétalas de flores!





Amanhã, 09 de março, é dia de texto meu lá no Palimpnóia.
Apareça, leia e comente lá mesmo. Eu e meus companheiros agradecemos.

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02/03/2009

Virando páginas

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Um rosto inexpressivo, envelhecido, com olhos cansados e parados, respiração suspensa, sob cabelos desalinhados se refletia naquele espelho coberto de marcas do tempo. Corpo enterrado sob o edredom, deixando à vista apenas a cabeça coberta de cabelos mal tingidos. Penosamente o corpo vai se virando e os olhos cansados param no travesseiro vazio ao lado, mostrando uma solidão tão grande, que dificilmente se conseguiria preencher. Lentamente ela tira as mechas de cabelo da testa e começa a levantar-se. Seus pés procuram os chinelos, velhos como ela, e se enfiam neles, sentindo um pouco de conforto. Puxa dos pés da cama, o penhoar desbotado e o coloca com dificuldade, amarrando a faixa numa cintura que já não existe. Abre gavetas e coloca numa maleta antiquada algumas peças de roupa, escolhidas aleatoriamente. Precisa sair dali. Daquela casa onde viveu os últimos trinta e oito anos, que viu crescerem os seus filhos, de onde eles saíram para criarem novas famílias. Toma um banho rápido e, sem grandes cuidados com a aparência, pega a maleta, fecha a casa e sai. Na cidade, se perde procurando a rua onde mora seu filho, sua nora e netos. Sempre havia ido de carro, com o marido e nunca precisara prestar atenção ao endereço. Finalmente encontra a casa e toca a campainha. Após intermináveis minutos, aparece a nora com os cabelos molhados e uma toalha enrolada no corpo. Surpresa, convida a sogra para entrar e pede desculpas, pois precisa deixar as crianças na escola e correr para o escritório. As crianças gritam nos fundos da casa e, quando aparecem, custam a reconhecer a avó. Depois de alguns minutos, ela está sozinha na casa do filho. Na hora do almoço o filho passa ràpidamente para lhe dar um abraço, mas logo se vai, pois está trabalhando e não pode ausentar-se por muito tempo. Ela resolve ir procurar a casa da filha solteira, que mora num pequeno apartamento com seu próprio filho, feito como "produção independente". A filha também está apressada e agradece por ela ter aparecido, pois poderá ficar com o neto para que possa sair à noite sem preocupações com horários ou cuidados com o garoto. E ela fica novamente sozinha na casa da filha, com um neto que não a reconhece. Mas acabam se entendendo. Cuidados e carinhos de avó abrem corações de netos. À noite, o menino, assustado com a ausência da mãe, se enfia na cama da avó e dormem abraçados. E assim vão se passando os dias, entre as casas dos dois filhos, sempre ocupados, correndo atrás de suas próprias vidas e sem tempo para a mãe que, em contrapartida, cuida ora de um neto, ora da roupa da neta, ora do lanche dos garotos. E assim vão se passando os dias. Até que uma noite, não conseguindo dormir, vai até a cozinha buscar um copo de água e ouve uma discussão entre o filho e a nora, que exige do marido que despache logo "aquela mulher" de quem ela nunca havia gostado. E ele, entre a cruz e a espada, implora à esposa que seja paciente, pois seu pai acaba de falecer e é normal que a mãe esteja um pouco perdida, um pouco carente. Sua mulher corta os argumentos com a seguinte frase: “a vida dela já se passou! Ela já fez tudo o que tinha que fazer. Que fique agora em sua casa curtindo seu luto e nos deixe cuidarmos das nossas vidas que estão apenas começando". Chocada, aguarda o amanhecer e vai até a casa da filha que a recebe com a notícia de que conseguiu uma transferência para outra cidade e até um ótimo colégio semi-interno para o filho. Só lhe resta recolocar seus poucos pertences de volta na maleta antiquada e voltar para sua velha casa, onde viveu metade de sua vida. Mas ela não se sente acabada! Não se sente no fim! Se sente viva, capaz, cheia de desejos de fazer coisas que nunca havia podido fazer antes. Ela não tem o espírito perdedor daquelas que vestem luto e sentam ao lado da janela aguardando a vida passar. Tira um extrato no banco, faz as contas de sua aposentadoria mais a do marido e percebe que pode viver muitas coisas com aquilo. Abre gavetas e armários, seleciona cuidadosamente novas roupas, arruma-as cuidadosamente na mesma maleta antiquada e sai novamente de casa. Vai até uma agência de viagens e fecha um pacote. Instala-se num pequeno hotel até o dia da partida e sem avisar a ninguém, embarca para uma viagem que deverá durar quase dois meses.
E ninguém deu pela falta dela!

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22/02/2009

Uma noite no Sambódromo

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Estava lembrando a última vez em que estive no Sambódromo do Rio para assistir ao desfile das Escolas de Samba, uma experiência inesquecível! Desde a chegada já sentimos o clima de festa e de alegria que pairava no ar e podia ser vislumbrado em todos os rostos das pessoas que se dirigiam aos camarotes ou às arquibancadas. Eu fui para uma das arquibancadas. Não recordo número, setor, mas estávamos bem localizados, com uma excelente visão de todo o percurso que as escolas fariam durante os desfiles. A continuação desta crônica você pode ler aqui. E não deixe de comentar lá mesmo, sua opinião é muito importante para todos nós.





E se não leu o post anterior, onde falo sobre meu envolvimento atual com o carnaval, leia. E opine.
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18/02/2009

Eu e o carnaval

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Existem momentos na vida em que a gente conclui que já fez de tudo, experimentou o que teve vontade, curtiu todos os momentos. É aí que percebemos que vivemos uma boa vida, em toda sua plenitude, com um saldo bastante positivo, saldo esse que nos permite decidirmos apenas fazer aquilo que realmente tivermos vontade daí para a frente.

É o meu caso com relação ao carnaval. Quando jovem, fui a todos os bailes que quis, dancei em clubes e também nos blocos de rua. Com ou sem namorada, não faltavam as imprescindíveis companhias femininas para alegrar ainda mais minhas festas. Aliás, naquela época o carnaval era mesmo uma grande festa, com pouquíssima violência, onde as drogas pesadas, se existiam, eram usadas discretamente. Nos salões imperavam as grandes orquestras, com seus metais e crooners, que, além da animação dos foliões, garantiam um show de interpretação para os que, cansados, ficavam em suas mesas bebericando, namorando ou simplesmente curtindo a grande festa de alegria.

Havia o que se chamava de “guerra de serpentinas e confetes”, com aquelas atravessando o salão, cruzando-se sobre nossas cabeças. O confete era como chuva miúda e colorida, que invadia até mesmo as mais íntimas partes do vestuário. Era comum, no dia seguinte, encontrar confetes colados nas cuecas, dentro dos sapatos, no meio dos cabelos. Havia o lança perfume, depois proibido, mas que era borrifado nos outros foliões, deixando aquela sensação geladinha na pele. Algumas pessoas costumavam espirrar discretamente nos lenços e aspirar, mas era coisa pequena perto do que fazem os foliões de hoje, com drogas muito mais pesadas.

Nas ruas, a alegria era geral. Blocos desfilavam, aplaudidos pelas famílias que ficavam nas calçadas, velhos, adultos, crianças, todos se divertindo em comunidade. Havia poucas escolas de samba, mas onde passava uma, era um espetáculo inesquecível, com seus carros alegóricos e suas fantasias mais elaboradas. Os foliões se preparavam o ano inteiro para, nos dias de carnaval apresentar o seu espetáculo para o povo, sem disputas, sem premiações.

Isso tudo mudou, já nem sei se existem os bailes em clubes, como antigamente. Os blocos continuam, mas hoje, muitos dos foliões estão bêbados ou drogados, a evolução é em ritmo mais frenético, conforme os tempos atuais. As escolas estão reguladas, apresentam-se em sambódromos, têm tempo certo para percorrer o espaço determinado e objetivando a primeira colocação. Muitos torcedores (antes, foliões) nem aceitam um segundo ou terceiro lugar, como se isso fosse caso de honra, de vida ou morte. A apresentação das escolas, especialmente no Rio e em São Paulo, transformou-se num grandioso espetáculo. Belíssimo, reconheço. Mas sem a poesia e o lirismo de antigamente.

Existem os carnavais de outros estados, de outras regiões, com suas características próprias. Infelizmente, sobre eles nada posso dizer, por não conhece-los, por não ter tido a felicidade de curti-los. Conheço apenas os do Rio e os de São Paulo. E o daqui de Paraty, que já foi muito melhor. Hoje, nem escola de samba temos mais. Apenas alguns blocos que fazem a alegria do povo.


Por tudo isso, hoje sou mais de me divertir com a alegria alheia. Gosto de ver os desfiles das escolas de samba pela TV, embora seja cansativo ficar uma noite inteira no sofazão. Adoro ir ao Sambódromo, mas infelizmente não é toda vez que posso fazer essa estravagância. Mas gosto mais como espetáculo do que propriamente como carnaval. Claro que o carnaval está inserido no contexto, mas não vou participar da festa, vou ver e sentir o “maior espetáculo da Terra”.


Então, meu programão no carnaval é perambular pelas ruas de Paraty, me divertindo com os blocos de fantasias, de crianças e de bonecos que alegram a cidade e, no sábado de carnaval, não perco o “Bloco da Lama”, onde centenas de pessoas se enlameiam num local de lama negra e saem sujos e enfeitados com galhos, chifres, tecidos grosseiros e tacapes, num espetáculo único e belíssimo em seu conjunto.

Como vê, não preciso de mais do que isso. Já curti muito o reinado de Momo, hoje, quero mais tranquilidade, alguma diversão e muita, muita companhia, bons papos, boas risadas com os amigos. Essa é minha grande diversão no carnaval.



Lembrete



Não esqueça de visitar-nos aqui. Dia sim, dia não, uma nova e saborosa crônica à sua disposição.





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12/02/2009

Trio


Ele a olhava enquanto ela puxava o zíper do vestido lilás e virava-se lentamente. Ele a olhava pelo espelho daquele quarto de motel onde, momentos antes, haviam se tocado intimamente, entre frases entrecortadas de gemidos.
Ele disse que o vestido era muito bonito e ela, com uma mesura zombeteira, agradeceu enquanto se sentava na beirada da cama para deslizar as meias de seda pelas pernas torneadas, antes de calçar os sapatos com saltos altíssimos. Com sua maquiagem leve e o batom vermelho, ela parecia ainda mais bonita. Seus gestos firmes mostravam uma mulher decidida e moderna, que não se importava em sair sozinha do motel, deixando o homem com quem estivera, nu no quarto. Ele puxou sua cabeça e, com cuidado para não estragar o batom, beijou-a levemente nos lábios.
Ao lado da cama, sobre a mesinha de cabeceira, duas taças de cristal de segunda continham restos de champanhe. Ao lado das taças, o relógio de pulso dele, os óculos, chaves e a carteira de documentos. Numa cadeira, o jeans desbotado e uma camisa jogada displicentemente. A cueca estava no chão, ao lado dos sapatos mocassim.
Ela se levantou, balançou de leve a cabeça para soltar melhor os cabelos e, com as mãos, alisou a seda do vestido sobre o corpo sinuoso. Olhou-o e riu. Apanhou a bolsa, virou o corpo diante do espelho mais uma vez e, satisfeita com o resultado, acenou e saiu. No ar, pairava ainda o seu perfume levemente apimentado.
Ele se deixou ficar sobre os lençóis revolvidos, pensando ainda nos momentos de prazer que tivera há tão poucos minutos. Esses pensamentos provocaram-lhe uma leve excitação e suas mãos começaram a acariciar o falo endurecido. Aos poucos, o prazer foi tomando conta do seu corpo até esvair-se em uma erupção espalhada sobre seu abdômen.
Ele se levantou lentamente e dirigiu-se ao banheiro. Após a ducha, voltou para o quarto e começou a vestir-se. Era necessário que retornasse à sua casa, à sua família, à sua vidinha comum.
Ao dobrar a esquina da rua em que morava já viu sua esposa parada junto ao portão, trocando fofocas com as vizinhas. A cabeça, aumentada pelos bobs e um lenço colorido, era dividida por um nariz longo que diminuía ainda mais os lábios finos. Os olhos, miúdos, pareciam fechados por trás das grossas lentes dos óculos que teimavam em escorregar sobre a pele oleosa do nariz. As orelhas, escondidas pelos bobs, ele sabiam que eram grandes como asas. Nenhuma beleza, nenhum encanto, nenhum dom especial distinguia aquela mulher, cujo corpo volumoso exibia fartos seios que combinavam com o traseiro enorme.
Quando se aproximou do portão, as vizinhas os olharam com olhos de cobiça e nem se deram ao trabalho de esconder os sorrisos de sedução e os gestos coquetes com que procuravam ajeitar os cabelos ou alisar os vestidos caseiros. Ele sabia ser ainda um belo homem, no auge de sua masculinidade madura. Já ela, deixava-se embarangar a olhos vistos. Mesmo sendo impossível uma comparação, a “outra” ganhava disparado em charme, elegância, sedução. Ao contrário desta, ela seguira uma carreira profissional, se mantinha a par dos assuntos do momento e era capaz de discutir de política a economia, de moda a gastronomia. Sua esposa mal sabia dos assuntos do fogão ou da novela das nove.
Cumprimentou as vizinhas, recebeu um arremedo de sorriso da esposa e entrou para mais uma noite morna em frente à TV.
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08/02/2009

O Carnaval, a Cerveja e o Teatro de Revista

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Verão combina com cerveja que não combina com barriga de tanquinho. Mas como não sou escravo da moda, nem de suas dietas impossíveis, prefiro ostentar meus pneuzinhos e ser feliz com o que tenho. Felizes foram nossos pais que não precisavam se preocupar com essas questões menores e tiveram o prazer de admirar e desejar as vedetes do Teatro de Revista, também conhecido como Teatro de Rebolado, bastante populares em meados do século passado. Os mais novos não devem saber, mas muitas das atrizes hoje (re) conhecidas pelo seu trabalho em televisão e teatro começaram lá, encantando nossos pais com corpos esculturais e bem mais cheinhos para os padrões atuais.
O Teatro de Revista, derivado dos ‘vaudevilles’ parisienses,................

Está achando interessante? Quer ler mais? Clique aqui.

Segunda sim, segunda não, estou lá no Palimpnóia, onde desfruto da companhia de pessoas super especiais. A cada dois dias um novo cronista com um assunto muito interessante estará aguardando sua visita .

Você já conhece o pessoal do Palimpnóia? Vale a pena conhecer! É gente de primeira! Vá ...



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03/02/2009

Considerações masculinas sobre corpos femininos

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Nas décadas de 40 e 50, imperavam como modelos de beleza feminina, Elizabeth Taylor e Marilyn Monroe, expostas ao mundo por Hollywood e, da Europa, nos chegavam a exuberante Sofia Loren e a estonteante Brigitte Bardot, todas com seus seios fartos, quadris largos, cinturinha “de pilão” e sensualidade transbordante. Era uma época em que os corpos femininos viviam cobertos por mais panos, escondendo partes do corpo e apenas insinuando todas as “delícias carnais”, com esplendores curvilíneos, macios e consistentes em suas carnes fartas. E os homens amavam as suas mulheres, desejando ardentemente seus corpos fartos e voluptuosos.

Elas também não tiranizavam os homens, cuja barriguinha aparente era antes um sinal de estabilidade, boa saúde e prosperidade. Ninguém vivia “malhando” em academias atrás de músculos poderosos e barrigas de tanquinho.

A década de 60, com grandes mudanças, entre as quais, o primeiro homem a pisar a Lua, o surgimento de um protótipo da internet (a Astranet), alterações nos sistemas de telefonia, o surgimento da TV colorida, dos Beatles e, claro, da magérrima Twiggi, que mais parecia um rapazinho adolescente, foi um período marcante e muito importante, como marco da modernidade.

Por essa época, movimentos como o do WLM (Women’s Liberation Movement), onde cerca de 400 ativistas realizaram um protesto contra a eleição de Miss América, por considerarem a escolha da americana mais bonitinha como uma visão arbitrária da beleza e opressiva às mulheres, devido sua exploração comercial. Elas depositaram no chão do Atlantic City Convention Hall, sapatos de salto alto, cílios postiços, sprays de laquê, maquiagem, revistas femininas, cintas, espartilhos e, claro, os famosos sutiãs, todos tidos como “instrumentos de tortura feminina”. Em dado momento, alguém sugeriu que tacassem fogo em tudo, o que evidentemente não aconteceu, por falta de permissão, já que estavam em um local não público. Também não se tem notícia de nenhuma mulher que tenha tirado seu sutiã em público para “queimá-lo”. Esse movimento acabou sendo conhecido como “A Queima dos Sutiãs”, foi associado aos movimentos feministas e até mesmo aos de liberação sexual dos jovens, sem que nenhum tivesse nada a ver, diretamente, com os demais.

Mas, a partir daí, a indústria do consumismo, sempre atrás de um cada vez maior número de escravos, através da mídia começou a transformar os padrões de beleza, confortáveis até então, numa verdadeira guerra contra o corpo, os quilinhos a mais e, principalmente as gordurinhas extras. E estava criada a obsessão que atinge até os dias de hoje a maioria das mulheres – e de muitos homens também – atrás da silhueta esguia e do tônus muscular de um zagueiro de futebol. Vêem-se mulheres insatisfeitas com seus corpos, se julgando imperfeitas, sempre 2, 3 ou mais quilos atrás da felicidade. Essa busca de um padrão de beleza completamente distante do corpo humano natural cria ferozes ditaduras, dietas intermináveis, lipoaspirações, aplicações de botox e outras substâncias químicas, baldes de suor derramados em academias de ginástica – verdadeiros templos de tortura – e tudo em nome da busca da saúde.

A massificação dos conceitos exclui a individualidade, cria o mito da “falsa gorda”, com a idéia de felicidade possível apenas dentro de um padrão estético pré-determinado, além de impedir a realização pessoal, social e afetiva da mulher – e do homem – que se permite aprisionar por estes “dogmas”.

No Brasil ainda temos a herança genética que nos presenteou com quadris mais largos, fazendo com que a mulher brasileira se diferencie das norte americanas e européias, devido a essas formas mais exuberantes. Também contribuiu para isso, o surgimento de uma Gisele Bündchen, melhor servida em peitos e bunda do que suas companheiras de passarela e que conseguiu tornar-se a queridinha da moda, abrindo caminho para que a beleza brasileira galgue degraus na escala da moda. Espero que isso ponha fim a essa ditadura que obriga nossas mulheres a queimarem durante o dia os contornos dos seus corpos que nos serão negados à noite, substituídos por indesejável massa muscular, mais apropriada aos atletas de uma Olimpíada.

Que mulheres e homens aprendam a respeitar seus corpos, com perfeições e imperfeições, entendendo finalmente que são apenas gente, pessoas que nascem, crescem, estudam, trabalham, paqueram, amam, trepam e têm por objetivo principal, viver bem consigo mesmos e com a vida.

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O meu amigo Sieger indicou o Janelas como um Blog Maneiro. Obrigadão.
Antes de repassar, tem umas regrinhas e depois, um prêmio.

Regras:
1 - Exibir o selinho do Blog Olha que maneiro!
2 - Postar o link do blog pelo qual foi indicado.
3 - Indicar e comunicar 10 blogs da sua preferência.
4- Confira se os blogs indicados cumpriram as regras.
5 - Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá uma caricatura em P&B.
6 - Só tá valendo se todas as regras acima forem seguidas!

Como todos os blogs que visito são maneiros, vou deixar de repassar, valendo para quem se habilitar.

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30/01/2009

LETRA CRUA NA PELE NUA

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Mais um livro recém saído do forno, reunindo autores blogueiros. Este é uma coletânea de textos eróticos organizada pela Euza, a nossa amada Loba.

Participaram deste livro: Adelaide Amorim, Aline Belle, B., Dama de Vermelho, Dira Vieira, Esyath Barret, Igor K. Maciel, Srta. Bia e eu. A apresentação foi feita pelo nosso querido Jens, com sua prosa descontraída.

Já comecei a leitura dos contos e garanto que é literatura erótica das melhores. A linha que divide erotismo e pornografia é bastante tênue, mas os autores se mantiveram dentro do limite do erotismo, trazendo-nos trabalhos de deliciosa leitura, prontos para incendiar imaginações.

Maiores informações poderão ser encontradas no site da Editora. Clique aqui.

Agora que já sabe sobre o livro, se quiser saber algo a meu respeito e ainda não visitou o Palimpnóia, clique aqui.
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Recebi este lindo selinho da Nade. Obrigado, minha linda!

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26/01/2009

Palimpnóia



Pensamentos soltos a respeito de mim mesmo.


Eu sou assim, meio inconseqüente, meio porra-louca, até mesmo um pouco avoado. Existem pessoas que não me conhecem pessoalmente, e acreditam que sou um jovem senhor na casa dos trinta, no máximo dos quarenta. Mas já comemorei meu cinqüentenário há alguns anos e sempre fui um homem sério em relação aos meus deveres, obrigações, amigos, etc.. O fato de viver com o sorriso aberto na cara e tentando levar tudo na brincadeira não me torna menos sério do que sou. Também sei amarrar a cara – se bem que ninguém acredita quando me vê assim e acabo sendo desarmado – falar a sério, chamar a atenção e dar bronca. Mas também aí ajo com seriedade e (sempre) com respeito à outra pessoa. Não chamo a atenção, nem dou nenhuma bronca na frente de terceiros. Ninguém merece ficar ouvindo aquela chatice na frente dos outros! E tento levar tudo numa conversa amena, mostrando os pontos que não estão de acordo com o esperado, dando sugestões de melhora e, enfim, o que mais puder para não constranger a outra pessoa. Já fui homem de terno, gravata e pasta executiva, gerenciando departamentos financeiros e de planejamento de grandes empresas multinacionais.

Quer saber um pouco mais a meu respeito? Hoje estou lá no Palimpnóia. Clique aquí, no título ou sobre a palavra Palimpnóia e leia o texto completo.
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23/01/2009

Pausa para um Desafio...


As reminiscências continuam... esta é uma pausa para atender um desafio feito pela querida amiga Jeanne do Blog Consciência e Vida.

Aproveito para convidar os amigos a visitar seu espaço, onde sempre encontramos lindas mensagens espirituais.

Recebi este desafio da Jeanne.

As regras:
1 – Agarrar o livro mais próximo;
2 – Abrir na página 161;
3 – Procurar a quinta frase completa;
4 – Colocar a frase no blog;
5 – Repassar para cinco pessoas e avisá-las;

O livro é São Luís - Biografia, de Jacques Le Goff, e a frase é:

"William Jordan mostrou, a propósito de Aigues-Mortes, o cuidado excepcional e a audácia com que Luís preparou a cruzada."

Repasso para:

Beti

Cecília

Fernanda

Jacinta

Miguel


Nota: a ilustração acima é um desenho meu, da lateral da Igreja de Santa Rita, em Paraty / RJ.
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20/01/2009

Reminiscências 2

Meus olhos passeavam pelo decote que escondia os frutos maduros que faziam minha imaginação voar sem rumo, nem direção. O espaço visível de pele alva e rosada levava minha imaginação ao tom e à textura da pele encoberta pelo tecido da blusa que ela vestia. Chegava a sentir a ponta da minha língua passeando por entre aquele sulco que dividia e unia os frutos do meu desejo. Narinas dilatadas, pressentia o perfume que deles emanava, atraindo minha fome e aguçando meus sentidos. Eu tinha fome de senti-los presos entre minhas mãos, à mercê dos meus lábios ávidos que os sugariam, mordiscariam, lamberiam transformando todo aquele apetite em espasmos de amor. Boca seca, lábios selados pelo desejo, permitia que a imaginação voasse por aquele caminho entre os dois frutos, até alcançar a aréola de um deles, onde a língua passearia, gulosa, deixando atrás de si um rastro de saliva. Meus dentes procurariam o mamilo para mordiscá-lo deixando-o túmido e pronto para outros embates de carinho. Meus lábios comprimiriam sua pele pressionando-a em um passeio sem fim. Minhas mãos, em carícias mais ousadas, os sopesariam e passeariam por toda a sua superfície, despudoradamente, sem pressa, sem direção. O seu gosto e o seu perfume invadiriam os meus sentidos levando-me à loucura da satisfação de desejos longamente reprimidos. Seu corpo, enlanguescido pelo carinho, finalmente se abriria para o meu.

E minha tia continuava contando uma história de familia enquanto se abanava contra o calor daquele verão antigo...
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17/01/2009

Reminiscências 1



este selinho eu ganhei da Nadejane, a menina "vencedora".



este selinho eu ganhei da Betinha , ela sim, a garota que transforma e melhora nossos dias.

Repasso ambos para todos os amigos leitores, pois todos são vencedores, transformadores e merecedores de premios.


Reminiscências 1



Aquela boca tirava minha paz. Mesmo os lábios fechados, unidos, sem sorriso, me deixavam sem lugar, sem chão. Meus olhos, grudados, ávidos, esperavam um leve deslocamento daqueles lábios carnudos, pintados de vermelho vivo, para banharem-se em sal e água. Espera angustiante, raramente satisfeita. Olhos secos, vidrados e a mente em variações febris. Vez ou outra ofereciam a dádiva de abrirem-se lentamente, permitindo a visão dos dentes brancos e perfeitos. Quando meus olhos fisgavam a fugacidade da ponta da língua rosada, meu coração palpitava mais forte, descompassadamente. Sorrisos? Raríssimos! Mas quando se anunciavam, era como o surgimento da aurora! Tudo se iluminava e as cores se intensificavam. Meus lábios ansiavam por aninhar-se entre aqueles inalcançáveis, minha língua via-se, sorrateira, insinuando-se à procura da sua, úmida e rosada, pronta para a carícia. Ansiava por sentir-se apertada entre os dentes alvos e brilhantes. Observando aqueles lábios fechados, unidos, sem sorriso, imaginava meu dedo passeando sobre eles, acariciando-os e fazendo-os se abrirem, roçando os dentes pelas minhas impressões digitais, oferecendo-me arrepios de prazer e surpresas inimagináveis. Imaginava-os ávidos, trêmulos de desejo, à espera do beijo inevitável. Meus olhos secos, vidrados, passeavam pelos lábios que lembravam botões de rosas prontos para o desabrocho, sem consciência do sofrimento da espera, do desejo contido, do beijo seqüestrado.

E a professora continuava explicando a Conjuração...

10/01/2009

Águas de janeiro - desolação

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Hoje acordei com um enorme susto! Como sempre faço, quando levanto, abri a janela do meu quarto que dá para o jardim. E o jardim estava embaixo d'água! Ao lado, a garagem e o caminho de pedras que leva até o portão, cobertos com uma espessa camada de lama! O meu cachorro, aflito, sem saber para onde ir, quase pulou para dentro do meu quarto pela janela, pois sua casinha estava também tomada pela lama. Saí para ver o que houve (como se eu não soubesse!) e enfiei o pé na lama para chegar até o portão. A rua coberta pela lama, nem parecia asfaltada. A calçada havia desaparecido soterrada. Alguns vizinhos, como eu, observavam perplexos aquela desolação.

Já passei por isso outras duas vezes: uma aqui mesmo, em 1985 e outra em outra cidade, com 2 metros de água dentro da loja - perdi tudo! Ainda tive um ameaço de enchente, naquela cidade, no inicio de 2007. Foram dias de angústia, tirando tudo de dentro da loja e aguardando a catástrofe que, finalmente, não veio. Mas as conseqüências foram funestas e o prejuízo nefasto.

Desta vez não foi tão grave assim, mas a minha casa fica num local mais alto, num dos bairros "bons" da cidade. Os bairros localizados à beira do rio tiveram um impacto terrível, com desabrigados, inclusive turistas, pois muitas pousadas foram tomadas pela enchente. E carros e barcos se amontoaram ou foram levados pelas águas. Foi uma tromba d'água que caiu na serra que separa Cunha de Paraty. E de lá tudo veio rolando até o mar... As histórias são muitas, mas eu ainda não me dispus a ouvi-las.

Estou na galeria agora. Já providenciamos a limpeza do jardim e não tenho muito que fazer em casa. Além do mais, a Camila que trabalha comigo teve sua casa invadida pela cheia. E ela tem um bebê de oito meses. O centro histórico foi pouco afetado, mas a lama que cobre as ruas é terrível e cheira muito mal. O prefeito já avisou que ficaremos três dias sem água, pois o reservatório está totalmente contaminado e é necessário um procedimento de descontaminação e re-tratamento. Os próximos dias não serão fáceis! Descontaminação, limpeza, reconstrução...

Pelas experiências anteriores, sou um pouco traumatizado com isso. Quando vejo na televisão cidades que sofreram enchentes, sofro junto com o povo afetado. Imagine como me sinto no meio da calamidade! Eu não tive perdas materiais, mas me aflijo com os que perderam seus móveis, roupas, casas.

Eu me recupero! E logo trago o sorriso de volta ao rosto! Por enquanto, estou carente e precisando de colo.

08/01/2009

Sobre chatos, chatices e chateações



“Esse mundo é redondo, mas está ficando muito chato.”
Barão de Itararé



O cara que puxa o saco do chefe; o marido, com seus arrotos e flatulências; a esposa, com suas reclamações das crianças e fofocas dos vizinhos; crianças malcriadas, birrentas e mimadas; cachorro do vizinho, que late a noite toda; amigo que faz piada de tudo, a qualquer momento; sujeito permanentemente mal humorado, pronto para lançar farpas aos amigos e detonar os inimigos; reuniões de qualquer tipo e em qualquer lugar; pessoas maldosas, invejosas, são todos criaturas de condutas irritantes, repetitivas, maçantes, inconvenientes, que vivem invadindo a privacidade alheia, atazanando a vida dos outros, testando nossa paciência, vampirizando nossa energia vital.

Ocupar um longo tempo ao telefone para falar, falar, e nada dizer, ou para falar mal da vida alheia, é coisa de chato. Ou, ainda, entulhar nossa caixa postal de e-mails que só ele gosta, embora seja um ato chato, nem sempre pode ter essa intenção e nem sempre vem de uma personalidade chata. Mas, há a suspeita de esse tipo de ato vir de uma vida chatinha ou de um momento de vida extremamente chato.

Como vivemos numa época que demanda rapidez em tudo, as pessoas tendem a considerar chata uma pessoa ou situação que toma nosso tempo em demasia. Acostumados a dominar o tempo e a velocidade da internet, as pessoas desta época se desesperam quando se vêm obrigadas a viver o tempo, a velocidade e o espaço da realidade concreta.
Por tudo isso, ler está se tornando muito chato. E escrever também. Ler tornou-se uma atividade lenta, quase anti-social, que exige trabalho de construção de compreensão, o que é extremamente chato.

E as pessoas idosas, menos acostumadas à velocidade moderna e, consequentemente mais lentas nos seus gestos, para comunicar algo ou sacar dinheiro no banco? São estigmatizadas como chatas e cada vez mais mal toleradas.

Existem as mães modernas, inseridas na competição do mercado globalizado, que desejam um filho como símbolo de auto-realização, embora não suportem atividades domésticas ou maternais, extremamente repetitivas e, por isso mesmo, chatas. A desgraçada da criança vira um estorvo para a carreira profissional da mãe, pois precisa de limpeza no bumbum, troca de fraldas, receber comidinha, etc.. Por isso mesmo acabam sendo cuidadas por babás, geralmente com falhas na educação e acabam engrossando a fileira de uma nova geração de chatos, mandões, narcisistas, egoístas, individualistas, arrogantes, intolerantes, indiferentes a tudo. Adeus, etiqueta social, boas maneiras, respeito aos outros!

Os cinemas, desconsiderando aquelas grandes e luxuosas salas que exibiam filmes familiares, depois pornográficos (hoje, em fase de decadência), onde a comunidade se reunia, se encontrava para um programa, se transformaram em igrejas neopentecostais, dentro do seu próprio projeto de chatinização fanática do mundo. As salas atuais, pequenas e geralmente dentro de enormes shopping centers, atraem uma geração de mal-educados que não vão para assistir o filme, mas para comer pipoca, beber refrigerante, fazer troça das imagens projetadas na tela, conversar em alto e bom som, um sem fim de infantilidades que obviamente chateia os que estão interessados em acompanhar a história do filme. Sem falar nos telefones celulares!

A internet, que prometia revolucionar a comunicação entre as pessoas, tornando a vida mais interessante, com melhor cultura geral, despertando a criatividade, está se transformando num ambiente propício à proliferação de chatos virtuais e anônimos. São pessoas pouquíssimo interessadas na individualidade alheia, agindo compulsivamente ao espalhar pelas nossas caixas postais uma infinidade de e-mails com os chatíssimos pps ou mensagens piegas e desinteressantes. E ainda se magoam se lhes pedirmos, com a maior delicadeza possível, que evitem enviar-nos essas mensagens!

Enfim, nossa tendência egocêntrica, de fundo pré-conceituoso, nos faz achar que chatos são os outros, nós, jamais! Todo ser humano faz críticas e tem dificuldade de fazer autocríticas, sobretudo quando se refere ao nosso lado chato.

Continua no próximo post...

04/01/2009

Olá, amigos!

O novo ano já começou e seus dias escorrem entre os dedos como areia. Planos, promessas, tentativas já começam a arrepiar-se com o atraso e a famosa “falta de tempo” que nos aflige. Em dezembro, voluntariamente ou não, acabamos fazendo alguma espécie de balanço de tudo o que se passou nos meses anteriores, desde janeiro. É quando decidimos mudar algumas coisas e, valentemente, dizemos: - no próximo ano tudo isto será diferente!
Decidimos colocar as contas em ordem e fazer menos dívidas, talvez alguma poupança. Resolvemos que não precisamos de tantos pares de sapatos, ou tênis, e que passaremos alguns bons anos até precisarmos comprar outros e, em menor quantidade.
Sabemos que nosso guarda-roupa transborda de camisas que não usamos, calças que jamais pensamos em vestir, paletós, então, completamente descartáveis. Melhor doar tudo para os necessitados e deixar apenas as peças básicas, realmente necessárias e com as quais nos sentimos confortavelmente bem vestidos. Roupas novas? Nem pensar! Apenas alguma coisa para o Natal e outras para o Reveillon... ah! Olha o consumismo novamente tomando conta das nossas mentes! Afinal, aquela bermuda branca que usei apenas no réveillon passado está muito boa para ser usada neste e durante todo o próximo ano. Mas será que ainda serve?
Bom, aí entra uma nova resolução: fazer dieta! Regime! Reeducação alimentar! Comida saudável! Baixas calorias! Cortar refrigerantes, doces e massas, álcool, apenas socialmente, em recepções ou festas menos formais. Ah! São tantas as restrições, que não sei não! Será que vou conseguir?
Enfim, a decisão! No próximo ano, vou beber menos, comer menos e fazer mais exercícios! Talvez consiga juntar um grupo de amigos em torno dessa decisão. Afinal, uns podem ajudar aos outros...
Amigos! Preciso rever mais vezes os meus amigos, estar mais com eles, curti-los mais, cuidar melhor das amizades. E os amigos virtuais? Preciso visitá-los com maior freqüência, cuidar mais também dessas amizades. E, quem sabe, conhecer pessoalmente mais alguns? É isso! No ano que vem, além de estar mais presente nas vidas dos amigos, também visitarei mais blogues, cultivarei mais os amigos blogueiros e farei o possível para conhecer o maior número possível deles.
E assim vão se sucedendo nossos questionamentos e nossas decisões para o ano novo. Afinal, no último dia do ano, estamos repletos de boa vontade e nenhuma vergonha na cara!
Em dezembro comprei um novo computador em seis parcelas sem juros. Portanto, estou endividado pelos próximos seis meses. Também substituí minha conexão por outra via satélite que me custará exatos R$ 81,00 todos os meses (a mais do que a conexão anterior). Isso me endivida pelo resto dos dias (enquanto mantiver esse tipo de conexão, mais rápida e menos dependente da velox).
Na corrida para o Natal, acabei me rendendo ao tal “espírito natalino” e andei comprando presentes que não constavam da minha lista. Muitos. Entre uma compra e outra, acabei comprando alguma coisinha para mim também, que ninguém é de ferro. Com isso, meu guarda-roupa (afinal, guarda-roupa ainda se escreve com hífen ou não?) ganhou mais algumas camisetas, um boné, uma sandália e duas bermudas. Para o Reveillon, uma cueca nova, para dar sorte. Ela é azul da cor do mar e estampada com pranchas de surf brancas, cada uma com detalhes em uma cor diferente, para usar um pouquinho de cada cor na passagem do ano. Dizem que é bom.
Comprei alguns livros, completei a minha coleção de Friends (faltava a 10ª temporada) e me esparramei no Supermercado, com vinhos, frutas secas, guloseimas próprias da época, bacalhau, panetones e vários outros itens absolutamente engordativos.
Até hoje não reiniciei as minhas caminhadas diárias, que já havia decidido recomeçar no início de janeiro passado. Em casa, continuo comendo as tais guloseimas que ainda resistiram, para evitar que passem do prazo de validade, claro!
E os amigos? Não visitei ninguém e só hoje recomecei a visitar os blogs amigos. E quanto ao meu próprio blog, estou agora escrevendo este texto para mostrar o tamanho da minha força de vontade e o quanto sou sem-vergonha.
Feliz Ano Novo!