03/02/2009

Considerações masculinas sobre corpos femininos

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Nas décadas de 40 e 50, imperavam como modelos de beleza feminina, Elizabeth Taylor e Marilyn Monroe, expostas ao mundo por Hollywood e, da Europa, nos chegavam a exuberante Sofia Loren e a estonteante Brigitte Bardot, todas com seus seios fartos, quadris largos, cinturinha “de pilão” e sensualidade transbordante. Era uma época em que os corpos femininos viviam cobertos por mais panos, escondendo partes do corpo e apenas insinuando todas as “delícias carnais”, com esplendores curvilíneos, macios e consistentes em suas carnes fartas. E os homens amavam as suas mulheres, desejando ardentemente seus corpos fartos e voluptuosos.

Elas também não tiranizavam os homens, cuja barriguinha aparente era antes um sinal de estabilidade, boa saúde e prosperidade. Ninguém vivia “malhando” em academias atrás de músculos poderosos e barrigas de tanquinho.

A década de 60, com grandes mudanças, entre as quais, o primeiro homem a pisar a Lua, o surgimento de um protótipo da internet (a Astranet), alterações nos sistemas de telefonia, o surgimento da TV colorida, dos Beatles e, claro, da magérrima Twiggi, que mais parecia um rapazinho adolescente, foi um período marcante e muito importante, como marco da modernidade.

Por essa época, movimentos como o do WLM (Women’s Liberation Movement), onde cerca de 400 ativistas realizaram um protesto contra a eleição de Miss América, por considerarem a escolha da americana mais bonitinha como uma visão arbitrária da beleza e opressiva às mulheres, devido sua exploração comercial. Elas depositaram no chão do Atlantic City Convention Hall, sapatos de salto alto, cílios postiços, sprays de laquê, maquiagem, revistas femininas, cintas, espartilhos e, claro, os famosos sutiãs, todos tidos como “instrumentos de tortura feminina”. Em dado momento, alguém sugeriu que tacassem fogo em tudo, o que evidentemente não aconteceu, por falta de permissão, já que estavam em um local não público. Também não se tem notícia de nenhuma mulher que tenha tirado seu sutiã em público para “queimá-lo”. Esse movimento acabou sendo conhecido como “A Queima dos Sutiãs”, foi associado aos movimentos feministas e até mesmo aos de liberação sexual dos jovens, sem que nenhum tivesse nada a ver, diretamente, com os demais.

Mas, a partir daí, a indústria do consumismo, sempre atrás de um cada vez maior número de escravos, através da mídia começou a transformar os padrões de beleza, confortáveis até então, numa verdadeira guerra contra o corpo, os quilinhos a mais e, principalmente as gordurinhas extras. E estava criada a obsessão que atinge até os dias de hoje a maioria das mulheres – e de muitos homens também – atrás da silhueta esguia e do tônus muscular de um zagueiro de futebol. Vêem-se mulheres insatisfeitas com seus corpos, se julgando imperfeitas, sempre 2, 3 ou mais quilos atrás da felicidade. Essa busca de um padrão de beleza completamente distante do corpo humano natural cria ferozes ditaduras, dietas intermináveis, lipoaspirações, aplicações de botox e outras substâncias químicas, baldes de suor derramados em academias de ginástica – verdadeiros templos de tortura – e tudo em nome da busca da saúde.

A massificação dos conceitos exclui a individualidade, cria o mito da “falsa gorda”, com a idéia de felicidade possível apenas dentro de um padrão estético pré-determinado, além de impedir a realização pessoal, social e afetiva da mulher – e do homem – que se permite aprisionar por estes “dogmas”.

No Brasil ainda temos a herança genética que nos presenteou com quadris mais largos, fazendo com que a mulher brasileira se diferencie das norte americanas e européias, devido a essas formas mais exuberantes. Também contribuiu para isso, o surgimento de uma Gisele Bündchen, melhor servida em peitos e bunda do que suas companheiras de passarela e que conseguiu tornar-se a queridinha da moda, abrindo caminho para que a beleza brasileira galgue degraus na escala da moda. Espero que isso ponha fim a essa ditadura que obriga nossas mulheres a queimarem durante o dia os contornos dos seus corpos que nos serão negados à noite, substituídos por indesejável massa muscular, mais apropriada aos atletas de uma Olimpíada.

Que mulheres e homens aprendam a respeitar seus corpos, com perfeições e imperfeições, entendendo finalmente que são apenas gente, pessoas que nascem, crescem, estudam, trabalham, paqueram, amam, trepam e têm por objetivo principal, viver bem consigo mesmos e com a vida.

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O meu amigo Sieger indicou o Janelas como um Blog Maneiro. Obrigadão.
Antes de repassar, tem umas regrinhas e depois, um prêmio.

Regras:
1 - Exibir o selinho do Blog Olha que maneiro!
2 - Postar o link do blog pelo qual foi indicado.
3 - Indicar e comunicar 10 blogs da sua preferência.
4- Confira se os blogs indicados cumpriram as regras.
5 - Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá uma caricatura em P&B.
6 - Só tá valendo se todas as regras acima forem seguidas!

Como todos os blogs que visito são maneiros, vou deixar de repassar, valendo para quem se habilitar.

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